Santa Maria está a receber doentes de hospitais públicos e privados. Há um “comboio de ambulâncias” à porta

“É preciso que alguém assuma que o hospital rompeu. É um hospital central paralisado como um gigante covidário. É urgente abrir hospitais de campanha”, apela a médica Nídia Zózimo.

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Fila de ambulâncias para a urgência do Hospital de Santa Maria esta tarde Ricardo Lopes
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Com uma fila acumulada de cerca de duas dezenas de ambulâncias à porta da urgência geral esta sexta-feira à tarde, o maior hospital do país, o Santa Maria, está a receber doentes de outras unidades de saúde, até privadas, da capital e arredores, que tiveram que fechar os seus serviços de urgência por falta de capacidade. É um “comboio de ambulâncias”, ilustrava esta sexta-feira à tarde, em declarações às estações de televisão, o presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar de Lisboa Norte (a que pertence o Santa Maria), Daniel Ferro, enquanto a directora da urgência, Anabela Oliveira, admitia mesmo que as equipas já estão a ser obrigadas a fazer “uma medicina muito próxima da medicina de catástrofe”.

“É preciso que alguém assuma que o hospital rompeu, que já não tem capacidade. É um hospital central paralisado como um gigante covidário. Estão a ser abertos covidários por todo o lado aqui. É urgente abrir hospitais de campanha “, disse ao PÚBLICO a médica Nídia Zózimo, que trabalha no Santa Maria.

“Trabalho há 42 anos e nunca vi uma situação igual”, enfatiza a médica que, aos 66 anos, só deixou “há meses de fazer urgência”, passou para um serviço não covid, e estava esta tarde a ser testada depois de três doentes, “que entraram negativos no hospital”, terem acabado por “positivar” lá dentro. “Há surtos em vários serviços. E o problema é que desde ontem [quinta-feira] à noite não estamos a conseguir vagas para transferir os doentes infectados dos nossos serviços para os covidários”, descreveu.

“Esta procura é muito agravada, não só pelo volume de infecção que temos no país, como também pelo encerramento de urgências de outros hospitais”, explicou Daniel Ferro à SIC Notícias. “Como esta urgência fica aberta, há este comboio de ambulâncias. Mas todos os casos vão ser atendidos, ninguém vai deixar de ser atendido. Quem precisar de ser internado vai ser internado. Quem precisar de cuidados intensivos ficará em cuidados intensivos”, garantiu.

O Santa Maria está também a receber doentes de alguns hospitais privados de Lisboa, como da CUF Descobertas, como foi noticiado na quinta-feira. Para responder à crescente afluência de doentes com covid-19, a capacidade de internamento passou já de 160 para 230 camas e, em unidades de cuidados intensivos, de 48 para 65 vagas. E a urgência vai ser ampliada na próxima semana com mais 20 postos de atendimento (actualmente tem capacidade para atender cerca de 30 doentes em simultâneo), precisou Daniel Ferro à TVI 24.

Entretanto, e para evitar o agravamento da situação dos doentes que aguardam, por vezes horas, nas ambulâncias, há equipas médicas a observar os pacientes nas viaturas. “O nosso sistema não está preparado para uma situação deste tipo”, reconheceu o administrador.

A urgência “está entupida” e as equipas já estão a ser obrigadas a fazer “uma medicina muito próxima da medicina de catástrofe”, descreveu a directora do serviço, Anabela Oliveira à SIC Notícias. “A minha urgência está entupida. Vou dar toda a prioridade aos doentes graves. Temos tido uma afluência que vai aumentar todos os dias nas próximas duas semanas com doentes graves e muito graves. Ninguém está preparado para fazer este tipo de triagem.”

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