Na NBA vive-se o regresso dos que nunca partiram

Kevin Durant, Kyrie Irving, John Wall ou Demarcus Cousins são alguns dos all-star com muito por provar a nível físico e desportivo. Também Kristaps Porzingis, Chris Paul, Joel Embiid ou Zion Williamson terão as suas equipas a “rezar pela saúde”. Se ela existir, a temporada que começa nesta terça-feira pode ser das mais entusiasmantes de sempre.

Fotogaleria

Após cerca de dois meses de interrupção, depois da temporada mais longa de sempre, está de volta a época da NBA, Liga Norte-americana de Basquetebol profissional. Como prenda de Natal antecipada para os fãs da modalidade, estão de volta as madrugadas de basquetebol. Estão de volta, em alguns pavilhões, as vozes do público. Estão de volta, sobretudo, os craques do costume. Mas não só. Estão de volta os do costume, mas também os outros. Aqueles que saíram do estrelato, mas que nunca partiram definitivamente. E se a época que começa nesta terça-feira é entusiasmante em parte o deve ao regresso de corpos que têm feito vida nas enfermarias.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Após cerca de dois meses de interrupção, depois da temporada mais longa de sempre, está de volta a época da NBA, Liga Norte-americana de Basquetebol profissional. Como prenda de Natal antecipada para os fãs da modalidade, estão de volta as madrugadas de basquetebol. Estão de volta, em alguns pavilhões, as vozes do público. Estão de volta, sobretudo, os craques do costume. Mas não só. Estão de volta os do costume, mas também os outros. Aqueles que saíram do estrelato, mas que nunca partiram definitivamente. E se a época que começa nesta terça-feira é entusiasmante em parte o deve ao regresso de corpos que têm feito vida nas enfermarias.

Neste domínio, não há como não começar pelos Brooklyn Nets. Esta temporada marca o regresso de Kevin Durant, depois de mais de 18 meses sem disputar um jogo da NBA. Considerado por muitos o melhor jogador do mundo, o extremo/poste terá várias missões: mostrar que ainda é o mesmo Durant, depois da grave lesão, que consegue ser o foco de uma equipa campeã sem três all-star à volta (como em Golden State) e que tem maturidade mental para coexistir com uma super-estrela de feitio difícil.

E aqui entra Kyrie Irving. Também ele pode ser considerado um regresso, já que, por lesão, fez apenas 20 jogos na última temporada, a de estreia nos Nets. Temos, portanto, de regresso, duas super-estrelas de egos complexos que nunca coexistiram na equipa dos arredores de Nova Iorque.

Com uma boa “aliança K” – Kyrie e Kevin –, os Nets não têm motivo para não sonharem. Não têm o plantel mais profundo da Liga, é certo, mas há talento em Caris LeVert, Spencer Dinwiddie, Joe Harris ou Jarrett Allen. E há espiritualidade de sobra.

Kyrie Irving, conhecido por algumas excentricidades, já garantiu que, antes dos jogos, pretende repetir o ritual de queimar folhas de sálvia no pavilhão: “Isto vem de muitas tribos nativas. Ser capaz de limpar a energia e certificar-me de que estamos todos equilibrados. É mais ou menos para ficarmos conectados e nos sentirmos bem e seguros pelos nossos ancestrais”.

Mas os regressos dos que não partiram não ficam por aqui. John Wall, cuja saúde há muitos anos não lhe permite fazer mais de 40 jogos numa temporada, trocou Washington por Houston, juntando-se a James Harden e a DeMarcus Cousins, outro crónico lesionado também “pescado” para esta época.

As melhores versões físicas e desportivas de Wall e Cousins – longe de serem de alta probabilidade – poderão ser um game changer para os Rockets, caso os texanos mantenham Harden na equipa (o all-star pretende ser transferido).

Também outras equipas estão dependentes da saúde. O fenómeno Doncic precisará de um Porzingis saudável em Dallas, os Celtics rezam pelo regresso de Kemba Walker, os Pelicans vão tratar Zion Williamson com pinças e em Philadelphia precisa-se de Embiid e Simmons longe da enfermaria.

A boa saúde dos jogadores pode tornar esta temporada uma das mais entusiasmantes de sempre.

A corrida aos anéis

Ainda em matéria desportiva, esta temporada está recheada de histórias a seguir. Na luta pelos anéis de campeão, os campeões Los Angeles Lakers partem na pole position.

A equipa perdeu jogadores com alguma importância no título do ano passado (McGee, Howard ou Rondo), mas reforçou-se com dois jogadores conhecidos pela sua proficuidade saídos do banco, Montrezl Harrell (que foi adquirido em “saldos”) e Dennis Schröder, e um experiente Marc Gasol.

Com as extensões nos contratos de Lebron James e Anthony Davis, os Lakers têm tudo para darem a Lebron condições para chegar aos tão ambicionados seis títulos conquistados por Michael Jordan (tem quatro, por agora).

Da Califórnia vêm também os LA Clippers, que acreditam que, um ano depois, com treinador novo, a química entre Kahwi Leonard e Paul George, com a interessante adição de Serge Ibaka como presença defensiva em zonas interiores, podem valer campeonato.

Qualquer previsão será imprudente se desconsiderar os Milwaukee Bucks. Giannis Antetokounmpo renovou contrato e a equipa foi buscar Jrue Holiday para o lugar até aqui ocupado por Eric Bledsoe.

Os Bucks estão a trocar um base inconstante e acusado de baixo QI basquetebolístico por um jogador de nível all-star e dotado de predicados no lançamento exterior e na defesa de perímetro que tantas vezes faltaram à equipa. Em tese, poderão ser uns Bucks um pouco mais fortes, mesmo tendo falhado a ansiada contratação de Bogdan Bogdanovic.

Miami Heat (com Bam Adebayo mais pressionado para fazer a diferença) e Denver Nuggets (com Michael Porter a ter de coexistir com Nikola Jokic e Jamal Murray), a correrem por fora – e sem mexidas profundas nos plantéis –, terão a missão de repetirem o desempenho tremendo nos play-off da última temporada.

A saúde e a riqueza

O que não regressa nesta temporada, porque nunca chegou a partir, é o vírus. A temporada começa como terminou a anterior – com um inimigo invisível aos olhos, mas bem presente no quotidiano de todos os americanos. Um inimigo que enevoa a NBA, como tem enevoado a generalidade das competições desportivas.

No final da última temporada, houve um sucesso tremendo na “bolha” de Orlando confinamento total que permitiu finalizar a preceito a fase final da NBA. Ainda assim, essa é uma via financeira e logisticamente impraticável agora, para a fase regular da nova época.

A organização do melhor e mais mediático campeonato de basquetebol do mundo reduziu o número de jogos de 82 para 72, criou um calendário que reduz as viagens, colocando as equipas em duelos duplos em poucos dias e no mesmo local, e determinou que a presença de público nos jogos varia de equipa para equipa, conforme o cenário pandémico em cada estado.

Mas há mais. Com a pandemia bem viva nos Estados Unidos, como em boa parte do globo, o problema é sério e requer soluções sérias. A ideia da NBA é simples de entender: se jogadores e equipas querem manter a riqueza dos bolsos, terão de pensar na saúdeAté porque na NBA, como na vida, a saúde vale mais do que a riqueza. 

Num extenso documento enviado às equipas, a Liga norte-americana deixa claro que os jogadores e as equipas que não cumpram os pressupostos de segurança podem ser penalizados em toda a linha, desde multas a suspensões ou mesmo uma medida mais drástica: alteração ou supressão de escolhas no draft de 2021 – apontado por muitos como um dos drafts mais profundos dos últimos anos, no qual o português Neemias Queta sonha ter lugar.

O documento prevê ainda visitas dos organizadores da prova às instalações das equipas, de forma a aferir o cumprimento cabal das medidas, e uma linha anónima para denúncia de violações de protocolos.

Os olhos estarão postos na NBA, em vários sentidos.