Espanha “desmancha” Alemanha no dia da primeira festa de Gibraltar

A modesta selecção gibraltina conseguiu subir de divisão na Liga das Nações, na noite em que a Espanha goleou a Alemanha com uns embaraçosos 6-0, carimbando a passagem à final four da competição. Foi a maior derrota de sempre da Alemanha em jogos oficiais.

A festa de Gibraltar no "rochedo"
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A festa de Gibraltar no "rochedo" Reuters/JON NAZCA
Ferrán Torres fez um hat-trick
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Ferrán Torres fez um hat-trick LUSA/Jose Manuel Vidal

Há quem festeje muitas vezes e quem raramente o faça. Esta terça-feira, na Liga das Nações, foi dia de todos eles: dos que chegaram à final four da competição – falamos da Espanha, já habituada ao sucesso – e dos que, numa conquista mais modesta, podem celebrar a singela subida de divisão – falamos de Gibraltar, que nunca tinha festejado nada na curta vida de selecção da UEFA. E tudo se passou em território continental espanhol.

Comecemos pelo “peixe miúdo”, que o caso não é para menos. Junto a um rochedo, na costa Sul de Espanha, há um território com menos de sete quilómetros quadrados e que, na contagem de 2018, tinha um pouco menos de 34 mil habitantes.

Foi desta muito reduzida base de recrutamento que saiu a selecção de Gibraltar, que disputou o seu primeiro jogo oficial em 2016. Agora, cerca de quatro anos depois, conquistou o direito a subir à Liga C da Liga das Nações – a terceira divisão da competição.

Com o empate (1-1) frente ao Liechtenstein, a selecção de Gibraltar venceu o grupo 2 da Liga D, superando o rival desta terça-feira, segundo classificado, e São Marino, cuja fragilidade é óbvia mesmo entre os mais frágeis.

Na sua pequenez futebolística, Gibraltar chegou ao objectivo: está na Liga C depois de uma partida em que teve apenas 30% de posse de bola e não fez um único remate à baliza (beneficiou de um auto-golo).

Espanha atropelou

Poucos terão seguido o Gibraltar-Liechtenstein, mas muitos terão estado de olhos e ouvidos no Espanha-Alemanha. E, em matéria futebolística, terá valido a pena.

Em Sevilha, os espanhóis tinham de vencer, enquanto aos alemães bastava um empate. Imune à pressão, a selecção comandada por Luís Enrique aplicou uma autêntica “vassourada” à Alemanha, com um triunfo por 6-0 que é a maior derrota de sempre da equipa germânica em jogos oficiais.

De um lado, houve 67% de posse de bola, dez remates à baliza e 22 lances perto da área adversária. Do outro, houve duas aproximações ofensivas e uns redondos zero remates à baliza. As estatísticas nem sempre dizem tudo, mas, neste caso, dizem o suficiente.

O domínio espanhol foi claro e começou logo aos 7’, num livre-directo batido por Sergio Ramos – houvesse VAR e o livre teria sido revertido para penálti. Aos 17’, houve canto de Fabián Ruiz e Álvaro Morata cabeceou ao segundo poste, num lance em que a defesa alemã mostrou alguma passividade nas marcações.

Aos 23’, voltou o pesadelo de Morata. Já apelidado de Ál-VAR-o Morata, pela apetência para golos invalidados por fora-de-jogo, o avançado espanhol voltou a ver-lhe ser retirado o festejo – desta vez não foi o VAR (inexistente na Liga das Nações), mas foi o árbitro assistente. Para piorar, a decisão parece ter sido errada.

Pouco importada, a Espanha continuou a recuperar bolas em zonas adiantadas, perante uma Alemanha incapaz de ultrapassar a primeira linha de pressão adversária (Kimmich fez muita falta a Joachim Löw).

Aos 33’, Dani Olmo rematou ao poste e Ferran Torres marcou na recarga. Novamente muita passividade alemã, que apenas via jogar. Pouco depois houve novo canto de Ruiz e cabeceamento de Rodri, novamente com oposição suave.

Irreconhecível, a selecção alemã parecia nada querer deste jogo e Ferran Torres decidiu que esta partida seria histórica: em dois contra-ataques, o jogador do Manchester City fez o quarto e quinto golos, cravando o punhal da vergonha na equipa germânica. Aos 89’, Oyarzabal ainda fez questão de levar o resultado à “meia dúzia”.

A Espanha nunca tinha ganhado em casa à Alemanha em jogos oficiais. Foi desta. E foi em grande.

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