Covid-19 em Portugal: mais 63 mortes (o valor mais alto de sempre) e 4096 casos

Portugal voltou a ultrapassar o máximo diário de vítimas mortais. Casos descem em relação ao dia anterior, mas o número de hospitalizações e de internamento em cuidados intensivos volta a subir e atinge um novo pico. Norte regista 55% dos novos casos e maioria das mortes.

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Há mais 63 mortes e 4096 casos de covid-19 em Portugal Tiago Petinga/Lusa

Portugal teve o dia mais mortal da pandemia ao registar o número mais elevado de mortes devido à covid-19 desde Março. De acordo com os dados da Direcção-Geral da Saúde (DGS) divulgados esta segunda-feira — que dizem respeito ao dia completo de domingo —, morreram 63 pessoas. O número máximo anterior tinha sido reportado a 4 de Novembro, dia em que foram contabilizados 59 óbitos. Três dias depois, o país registou outro valor elevado: 56 num dia. O total de vítimas mortais atribuídas à doença é de 2959.

Desde o fim de Outubro, Portugal ultrapassou por diversas vezes o número máximo de mortes registadas na primeira vaga da pandemia, em Abril. Até aqui, este valor tinha sido registado a 3 de Abril, quando morreram 37 pessoas.

Do boletim desta segunda-feira há também a contabilizar 4096 novos casos, num total de 183.420 pessoas infectadas desde Março. Este valor diário representa uma diminuição em relação aos últimos dois dias, mas, por regra, há menos casos confirmados notificados ao fim-de-semana.

Com mais 129 pessoas internadas em enfermaria e mais 13 nos cuidados intensivos, Portugal volta a registar um novo máximo de hospitalizados, algo que já havia acontecido no dia anterior. Há agora 2651 doentes internados, 391 destes nas unidades de cuidados intensivos. 

Este é outro dos factores que tem vindo a aumentar quase consecutivamente durante os últimos meses e que já ultrapassou os valores da primeira vaga da pandemia. O máximo de pessoas internadas durante a primeira onda da doença foi registado a 16 de Abril, quando existiam 1302 internamentos. E o máximo de doentes internados em unidades cuidados intensivos (UCI) foi contabilizado antes, a 7 de Abril, quando estavam 271 portugueses nas UCI.

Há mais 2302 casos recuperados em relação a sábado — no total, Portugal contabiliza 102.083 casos de recuperação. Pelo menos 90.088 pessoas estão ainda a ser acompanhadas pelas autoridades de saúde, menos 418 desde o dia anterior. Em relação aos casos activos, há mais 1731, num total de 78.378.

Norte com mais de 55% dos novos casos

Grande parte dos casos que constam do boletim desta segunda-feira foram detectados em duas regiões do país: 2265 no Norte, o que equivale a 55,2%, e 1217 em Lisboa e Vale do Tejo, o que corresponde a 29,7%. Também foi nesta região do país que foram registadas grande parte das vítimas mortais deste domingo: o Norte registou 33 mortes e Lisboa e Vale do Tejo 22.

Olhando para a distribuição dos casos por região, o Norte voltou a ser a região com o maior número de casos acumulados: 88.549 e 1339 mortes — é a região com o maior número de vítimas mortais e com mais casos. Lisboa e Vale do Tejo é a segunda: são 70.015 os registos de infecção e 1145 mortes por covid-19.

Já o Centro tem 16.726 infecções (mais 379) e 361 mortes (mais cinco). O Alentejo totaliza 3600 casos (148 novos) e 66 mortes (mais uma). No Algarve há 3501 casos de infecção (mais 60) e 31 óbitos (mais um). A Madeira registou 558 casos de infecção (11 novos) e duas mortes desde o início da pandemia. Já os Açores registam 471 casos (mais 16) e 15 mortes desde o início da pandemia.

Os dados do relatório da DGS indicam que, do total de mortes registadas, 1441 são mulheres e 1518 homens — e no que diz respeito às infecções, 83.086 são homens e 100.334 mulheres.​ As 63 mortes registadas são referentes a 47 pessoas acima dos 80 anos, sete entre os 70 e os 79 anos, cinco entre os 60 e os 69 anos, a três entre os 50 e os 59 anos e a uma entre os 40 e os 49 anos.

Das 2959 pessoas que morreram até à data com covid-19 em Portugal, 2573 tinham acima de 70 anos.

Dados dos concelhos serão actualizados nos próximos dias

A DGS vai actualizar, “nos próximos dias”, os dados de infecções de covid-19 nos concelhos — estas informações não foram divulgadas nas últimas duas semanas. Na conferência de imprensa desta segunda-feira, Graça Freitas explicou que estão a usar a taxa de incidência de novos casos registados nos últimos 14 dias por 100 mil habitantes. Um “parâmetro internacional” que o Governo usou como referência para aplicação de medidas do novo estado de emergência a 121 concelhos.

“Alguns concelhos vão continuar a permanecer neste patamar, outros vão reduzir e sair e outros entrarão. Estamos a actualizar estes números. Esta é uma metodologia que nos merece muita atenção e merece ser publicada altura certa. Ainda esta semana actualizaremos os dados”, disse a directora-geral da Saúde.

Questionada sobre quais os concelhos mais críticos na região de Lisboa, Graça Freitas disse que não os ia referir. “O nosso esforço é primeiro identificar os casos e tratá-los, identificar os contactos e, primeiro que tudo, usar medidas preventivas para evitar contactos. As medidas de um modo geral são semelhantes e atitude deve ser semelhante: cortar contágios de forma muito activa.”

A Directora-geral as Saúde apelou aos cidadãos que não peçam aos médicos para serem testados à covid. E assegurou que sempre que for necessário, haver uma prescrição para a realização do teste.

“Quero deixar um apelo à população em relação aos testes. A sua prescrição e o seu aconselhamento serão feitos sempre que necessário. Portugal está a testar muito e desde início. As pessoas não deviam tomar a iniciativa de pedirem para fazer testes. Deviam esperar por um conselho médico”, afirmou Graça Freitas, reforçando: “Não é aconselhável fazer testes sem prescrição médica.”

A responsável foi questionada sobre as regras definidas para a realização de testes em massa. Graça Freitas explicou que “não há uma regra única e básica de quando determinar fazer testes em massa em escola ou lar ou prisão”. Esta é uma decisão que “depende sempre de uma avaliação de risco do que se passa instituição e de uma avaliação de risco do que se passa na comunidade”.

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