Eles voltam à rua: sexta-feira, 25 de Setembro, há greve pela justiça climática

Os estudantes voltam a sair à rua na sexta-feira e chamam por todos. Respeitando as regras impostas pela pandemia, vão exigir justiça climática. Alcácer do Sal, Alcanena, Aveiro, Coimbra, Évora, Lisboa, Montijo, Porto, Pico, Setúbal e Guimarães são as localidades confirmadas. No Algarve e nas Caldas da Rainha há encontros online.

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MIGUEL MANSO

É “uma corrida contra o tempo": urge “construir uma sociedade justa para todos e todas, que se adapte aos efeitos das alterações climáticas e que mude o seu paradigma de modo a evitar o caos climático”. Por isso, vários colectivos, organizações e associações saem à rua na próxima sexta-feira, 25 de Setembro, em diversos pontos do país — e convidam não só os estudantes, mas também “organizações não-governamentais, colectivos, associações, sindicatos e todos os cidadãos” a sair à rua.

As reivindicações são conhecidas e têm vindo a ser exigidas desde a primeira vez que os estudantes saíram à rua para gritar pelo clima, a 15 de Março de 2019, mobilizando milhares em Portugal e milhões por todo o mundo. “Criar um sector público que lidere a transição energética de uma forma justa, proibir a importação de gás natural, acabar com os contratos de exploração de lítio, desmantelar empresas petrolíferas portuguesas e expansão e electrificação da rede de transportes em Portugal” são algumas das exigências, enumeradas por Leonor Veríssimo, porta-voz da manifestação e membro da Greve Climática Estudantil em Lisboa, ao P3. 

Desta vez, puderam retirar do manifesto a exigência do fim dos contratos de exploração de recursos energéticos fósseis em Portugal. As duas últimas concessões — para a exploração de gás na Batalha e em Pombal — foram renunciadas pela Australis&Oil. Dos 15 contratos que foram assinados para a prospecção de hidrocarbonetos em território nacional, estes dois eram os últimos ainda em vigor. O seu fim era uma das bandeiras dos jovens activistas.

Mas uma vitória não significa o fim da luta. E esta sexta-feira, convidados pelo colectivo Salvar o Clima, vão exigir respostas às restantes. Os encontros estão marcados para Alcácer do Sal (de manhã, em frente à Câmara Municipal), Alcanena (18h30 no Jardim da Praça 8 de Maio), Aveiro (às 16h no Museu de Santa Joana), em Coimbra (17h no Jardim Botânico), Évora (15h, Praça do Giraldo), Lisboa (16h, Marquês de Pombal), Montijo (18h, Parque Municipal), Porto (17h30, Avenida dos Aliados), Pico (10h, Escola Cardeal Costa Nunes), Setúbal (10h, Auditório José Afonso), Guimarães (16h, Plataforma das Artes). 

Outras localidades optaram por encontros ou protestos online, como é o caso do Algarve e das Caldas da Rainha. Em Lisboa, a manifestação culminará no Rossio, onde os activistas vão proporcionar “um momento artístico e político, com discursos de várias organizações e performances artísticas”. A ideia é “chamar a atenção para o movimento climático, mas também outras lutas que ficam comprometidas com a questão do clima, como a luta anti-racista e feminista”. 

A manifestação acontece poucos dias depois de o grupo de activistas climáticos das Caldas da Rainha terem dirigido uma carta aberta ao ministro das Infra-estruturas e Habitação, onde reivindicavam a “falta de condições, pouca acessibilidade e horários inadequados às necessidades reais das populações que a linha serve”. A mobilidade, avisam os jovens em comunicado enviado ao P3, é “um dos eixos centrais para enfrentar a crise climática”. 

Em plena pandemia, os estudantes não esquecem as normas de segurança. Há uma equipa destacada para distribuir desinfectante e máscaras, e a assegurar-se que a distância social é cumprida. E, para quem vai, pode ser útil aprender o MAPA, o novo gesto de protesto: os dois punhos cerrados e encostados, com o polegar para cima, simbolizam a força, a solidariedade e a esperança. O termo significa Most Affected People and Areas e quer chamar a atenção para os países que, sendo os menos responsáveis pelas alterações climáticas, são os que mais sofrem com os seus efeitos

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