Como o planeta “está doente”, eles querem “bloquear” a rotunda do Marquês, em Lisboa

O movimento Climáximo, grupo de activistas pelo combate às alterações climáticas, marcou para o dia 5 de Outubro uma acção de desobediência civil no Marquês de Pombal, em Lisboa. Com três reivindicações a que chamam “de emergência”: neutralidade carbónica em 2030, serviços básicos incondicionais e limite máximo ao rendimento.

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Nuno Ferreira Santos

O objectivo é “bloquear” a rotunda do Marquês de Pombal, em Lisboa, numa acção de desobediência civil, que tem aliás marcado as intervenções do movimento Climáximo. O protesto está marcado para 5 de Outubro, pela sua simbologia. No dia em que se assinala a implantação da República em Portugal, o grupo de activistas quer “reivindicar a res publica, a coisa pública”, afirmam em comunicado. O local escolhido, o Marquês de Pombal, foi também o local do início da Revolução que levou à implantação da República em 1910.

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O objectivo é “bloquear” a rotunda do Marquês de Pombal, em Lisboa, numa acção de desobediência civil, que tem aliás marcado as intervenções do movimento Climáximo. O protesto está marcado para 5 de Outubro, pela sua simbologia. No dia em que se assinala a implantação da República em Portugal, o grupo de activistas quer “reivindicar a res publica, a coisa pública”, afirmam em comunicado. O local escolhido, o Marquês de Pombal, foi também o local do início da Revolução que levou à implantação da República em 1910.

Com o cenário da pandemia da covid-19 como pano de fundo, e o número de infectados a subir nas últimas semanas, o colectivo diz estar preparado para garantir as regras de segurança durante o protesto: “Temos uma equipa para garantir a segurança. Toda a gente vai usar máscara, manter a distância de segurança, utilizar álcool gel”, explicou ao P3 André Ferreira, um dos organizadores do protesto.

“A doença que vivemos agora não é só a covid-19: a sociedade está doente, o planeta está doente”, diz. No manifesto Nós Somos os Anticorpos, lançado pelo Climáximo em Julho, os membros do colectivo descrevem-se como os “anti-corpos” contra os “vírus da maximização do lucro e de todos os sistemas sociais que alimentam a discriminação entre e dentro dos povos.”

Neutralidade carbónica e um novo imposto para ricos

O grupo parte para o protesto com três reivindicações que quer ver atendidas pelo Governo: atingir a neutralidade carbónica em 2030, garantir serviços básicos incondicionais e impor um limite máximo ao rendimento. 

Para a neutralidade carbónica que exigem ser atingida já em 2030, defendem a descarbonização de todos os sectores da economia, que passará pelo “fim dos subsídios públicos às empresas poluentes” e pelo cancelamento “de todos os grandes projectos que aumentariam as emissões, inclusive a expansão do terminal de GNL (gás natural) em Sines, o novo aeroporto no Montijo e expansões portuárias e aeroportuária”. Propõem ainda a criação de uma moratória que proíba projectos futuros desta natureza. 

Quanto aos serviços básicos incondicionais que vão do sistema de saúde à habitação e educação — o grupo tem uma meta ambiciosa: criar um sector público de energias renováveis que substitua todo o sistema energético existente até 2030, fornecendo energia de fontes renováveis de forma gratuita a todas as pessoas. Outras medidas passam pela expansão da rede ferroviária nacional e internacional ou a gratuitidade do ensino superior.

O movimento avança ainda com a proposta de instituir um novo escalão de imposto a que chamam “Limite Máximo ao Rendimento”, fixando um novo escalão de IRS máximo aplicado aos rendimentos superiores a 150 mil euros anuais brutos, com a taxação fixada em 99%. “Para fazer uma transição energética e garantir serviços públicos para todas as pessoas é preciso dinheiro, e não podem ser as pessoas que menos têm a pagar”, escrevem no comunicado. 

O Climáximo defende ainda serem necessárias “estruturas sociais que permitam e facilitem uma verdadeira relação ecológica entre todos os seres, para substituir as estruturas tóxicas que nos levam a um colapso civilizacional”. “Saímos para combater o vírus, não só os sintomas”, defendem.    

A acção marcada para o próximo dia 5 de Outubro está integrada a nível europeu na Climate Care Uprising e na plataforma By 2020 We Rise Up, que em Portugal começa com a Mobilização Climática Global, no dia 25 de Setembro, e termina com a manifestação Resgatar o Futuro, Não o Lucro, no dia 17 de Outubro.