Incêndio em Oleiros dominado, mas “há muito trabalho pela frente”. Arderam seis mil hectares

Fogo ficou dominado por volta das 8h da manhã, mas todo o efectivo continua mobilizado em “trabalhos de consolidação”. Não foram registados danos em habitações.

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No domingo três aldeias do concelho de Oleiros estiveram em “risco efectivo” PAULO PIMENTA

O incêndio que lavrava desde sábado no concelho de Oleiros, em Castelo Branco, está dominado, embora tenha ainda algumas partes activas. Na manhã desta segunda-feira, em conferência de imprensa, o comandante do Agrupamento Distrital do Centro Sul, Luís Belo Costa, disse que “o efectivo continua mobilizado” e está em “trabalhos de consolidação”.

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O incêndio que lavrava desde sábado no concelho de Oleiros, em Castelo Branco, está dominado, embora tenha ainda algumas partes activas. Na manhã desta segunda-feira, em conferência de imprensa, o comandante do Agrupamento Distrital do Centro Sul, Luís Belo Costa, disse que “o efectivo continua mobilizado” e está em “trabalhos de consolidação”.

Luís Belo Costa disse que, apesar de o fogo estar dominado, há ainda “muito trabalho pela frente” já que se trata de um “área complexa”. “Este perímetro é extraordinariamente grande e numa área que tenho vindo a referir extraordinariamente complexa do ponto de vista do coberto vegetal que se apresenta e, portanto, vai com toda a certeza dar-nos bastante trabalho do ponto de vista da consolidação deste esforço de supressão desenvolvido ao longo destas horas”, referiu o comandante, acrescentando que o incêndio ficou dominado por volta das 8h.

Luís Belo Costa referiu que não existe nenhuma aldeia em risco “porque não há nenhuma frente activa”. “Há ainda um período que carece de muita atenção, principalmente as áreas que ficaram dominadas mais tarde, entre elas a frente virada para o concelho de Proença-a-Nova e a frente virada no concelho de Castelo Branco. É natural que existam algumas reactivações ao longo das próximas horas”, disse ainda o comandante.

Questionado sobre a área ardida, o comandante afirmou que rondará os seis mil hectares, número que, sublinhou, precisará ainda de ser confirmado. “É uma área bastante extensa e posso avançar que estaremos a falar de um área que rondará – e isto carece de confirmação, e é uma confirmação que levará muito tempo a fazer porque a área é grande – os seis mil hectares. É um tempo de começarmos a olhar para estes dados”, afirmou ainda.

O incêndio de Oleiros já devastou pelo menos 4180 hectares de áreas rurais segundo o Sistema Europeu de Informação de Fogos Florestais (conhecido pela sigla EFFIS), que, através de imagens de satélite, contabiliza quase em tempo real a área ardida. A área ardida deste fogo foi actualizada este domingo, não se precisando a hora a que tal ocorreu.

Sobre a previsão do aumento da intensidade do vento e do agravamento das condições meteorológicas, Luís Belo Costa afirmou que todo o efectivo vai continuar no terreno para “precaver surpresas”. “Contamos que, a partir do final da manhã, as condições meteorológicas voltem a ser desfavoráveis e vamos ter de ter atenção ao que vai acontecer. Estando o incêndio dominado, não é expectável aliviar em nada aquilo que é o dispositivo que está empenhado na consolidação. Para precaver surpresas dessas e algum agravar das condições meteorológicas, vamos manter todo o dispositivo no terreno”, adiantou o comandante, dizendo ainda que nas últimas horas o aumento da humidade, a temperatura mais baixa e a direcção do vento contribuíram para que o incêndio fosse dominado.

O responsável garantiu ainda que há operacionais junto dos aglomerados populacionais e que todas as aldeia e seus habitantes “foram sendo protegidas”. Apelou a um “comportamento cívico” da população e pediu que, durante o estado de alerta, não se faça uso de fogo, seja para trabalho ou para lazer e que não se use maquinaria que possam causar ignições. Por fim, o comandante disse que as deslocações a espaços rurais “podem ser evitadas” em dias de maior risco, sobretudo se não forem necessárias. “A causa deste incêndio há-de ser apurada pelas entidades competentes, não tenho nada que possa acrescentar, a seu tempo haverá notícia sobre isso”, disse, quando questionado sobre eventuais causas do fogo que começou no sábado.

Não há danos em habitações

Vítor Antunes, vice-presidente da Câmara de Oleiros, afirmou, durante a conferência de imprensa, que foram retiradas três pessoas de uma aldeia da freguesia de Isna​, uma mulher que foi levada para casa de familiares e um casal. O casal foi retirado por precaução para um local designado pela câmara que estava preparado para acolher cidadãos. O casal manifestou a vontade de passar a noite em casa, já depois do desagravamento das condições meteorológicas, e foi transportado pelos serviços do município para a sua habitação, disse o autarca.

O vice-presidente afirmou que a região não é densamente povoada, mas existem muitas aldeias, admitindo que possam existir alguns danos em anexos agrícolas. Não há, para já, registo de danos em habitações, mas o levantamento dos estragos será feito durante o resto do dia, apontou Vítor Antunes.

Pelas 9h20, estavam no local 868 operacionais, apoiados por 274 veículos e duas aeronaves. Uma destas aeronaves é um avião de monitorização e coordenação para que as autoridades detectem “pontos quentes” que podem gerar mais preocupação. Foram também mobilizadas para o terreno mais máquinas de rasto, num total de 11.

No domingo, ao início da noite, três aldeias do concelho de Oleiros estiveram em “risco efectivo” por causa deste fogo que se estendeu aos concelhos de Proença-a-Nova e Sertã.