Vai finalmente nascer o novo Teatro Variedades no Parque Mayer

Obra custará cerca de cinco milhões de euros, prosseguindo com o projecto do arquitecto Manuel Aires Mateus. Empreitada chegou a arrancar mas parou por dificuldades do empreiteiro.

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O futuro tem sido adiado mas esta parece mais uma oportunidade para devolver uma histórica sala de espectáculos aos lisboetas: o Teatro Variedades, no Parque Mayer, que é propriedade municipal, vai novamente entrar em obras. 

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O futuro tem sido adiado mas esta parece mais uma oportunidade para devolver uma histórica sala de espectáculos aos lisboetas: o Teatro Variedades, no Parque Mayer, que é propriedade municipal, vai novamente entrar em obras. 

No final de Maio, a empresa municipal Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU) Lisboa Ocidental, que é liderada pelo ex-vereador do Urbanismo da Câmara de Lisboa, Manuel Salgado, adjudicou a empreitada de reabilitação desta “obra emblemática” à construtora Gabriel Couto. 

O projecto, assinado pelo arquitecto Manuel Aires Mateus, e incluído na área do Plano de Pormenor do Parque Mayer, prepara-se agora para prosseguir, mais de uma década depois de o arquitecto ter vencido o concurso de ideias para aquele espaço

A empreitada visa “restaurar o glamour deste emblemático edifício da cidade de Lisboa, mantendo os principais elementos que o caracterizam: o pórtico, o foyer, o auditório e o palco”, refere a SRU numa nota publicada no seu site. 

Como o edifício foi sofrendo sucessivas alterações, são esses os espaços que se conservam com mais qualidade. “O que nós fazemos no fundo é uma operação fácil”, diz ao PÚBLICO o arquitecto Manuel Aires Mateus. “O que nós pretendemos é conservar esses espaços, restaurá-los e, à volta, construirmos uma ‘caixa’. O que esta caixa faz é conservar todos os espaços interiores. A espacialidade mantém-se, a memória daquele teatro fica registada naqueles espaços”, explica Aires Mateus. 

Este pequeno teatro, com “um ar muito romântico”, como descreve o arquitecto, terá lotação para cerca de 200 pessoas. Além da recuperação das áreas interiores, o projecto prevê a construção de uma nova área envolvente, “adequada à legislação e actuais necessidades de utilização de um espaço de espectáculos”.

Esta profunda obra de reabilitação e reconstrução, interrompida por insolvência do anterior empreiteiro, nota a SRU, terá um prazo de execução de 540 dias, cerca de ano e meio, e implicará um investimento de cinco milhões de euros. Os trabalhos realizados até ao momento foram, essencialmente, de demolição. 

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Apesar de o edifício não ser classificado, o Teatro Variedades está inserido na área da Avenida da Liberdade, essa sim classificada como Conjunto de Interesse Público. 

Esta será mais uma vida desta histórica sala, inaugurada no Verão de 1926, depois de dois anos de obra com um projecto do arquitecto José Urbano de Castro. Estreou-se com a revista Pó d'Arroz, com Anita Salambó, o estreante Vasco Santana e Costinha, refere a Direcção-Geral do Património Cultural no seu site. Em 1927, passou a acolher também sessões de cinema. 

Foi mantendo a actividade, com uma média de cinco espectáculo por ano até que, em 1966, um incêndio destruiu parte do edifício, obrigando à sua reconstrução. Foi em 1995 que acolheu a última Revista, depois de ter servido de palco a peças contemporâneas e a programas televisivos. Com a passagem do tempo, acabou por ficar devoluto, seguindo-se agora mais uma recuperação, sendo a primeira obra de uma plano maior, já aprovado, que visa a recuperação do Parque Mayer. 

Há anos que essa requalificação é aguardada e Aires Mateus espera que depois deste arranque haja “vontade política” para prosseguir com o plano. Hoje, apenas ali funciona o Cineteatro Capitólio — que também foi reabilitado, em 2016, com um projecto do arquitecto Alberto de Souza Oliveira, estando a sua programação a cargo da promotora Sons em Trânsito — e o Teatro Maria Vitória, onde se pode ainda assistir à Revista à Portuguesa.