Manuel Aires Mateus, autor de projecto para o Rato, vence concurso do Parque Mayer

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Um hotel, serviços de vária ordem, restaurantes e duas salas de espectáculos são alguns pormenores do projecto Rui Gaudêncio (arquivo)

O arquitecto Manuel Aires Mateus é o vencedor final do concurso de ideias para a reabilitação do Parque Mayer, em Lisboa, com a sua proposta de estender o Jardim Botânico até ao antigo recinto da revista à portuguesa.

Um hotel, serviços de vária ordem, restaurantes e duas salas de espectáculos – uma das quais o teatro Capitólio, devidamente recuperado – fazem parte dos edifícios previstos por Aires Mateus, que só tinha previsto 25 mil metros quadrados de construção, mas que, tal como os restantes concorrentes, teve de subir esse valor para 32 mil para se adaptar ao programa de concurso estabelecido pela câmara.

O arquitecto, que já tinha vencido a primeira fase do concurso, quer criar no antigo Parque Mayer mais um pedaço de cidade, com uma praça à volta do Capitólio e várias ruas. “Toda a zona será pedonal”, explicou hoje, dia em que soube que o projecto que irá por diante será o seu. Como o quarteirão está num declive, foram pensados alguns meios mecânicos, embora restringidos ao mínimo para ajudar os peões a vencer os desníveis que separam a Rua da Alegria da Rua da Escola Politécnica: escadas rolantes e elevadores. Ainda não é certo que no local fiquem bibliotecas e livrarias especializadas em artes plásticas e artes de palco e residências para artistas, como previu Aires Mateus inicialmente; a autarquia pediu aos concorrentes um programa de ocupação versátil do espaço para poder encaixar as valências que mais tarde entender.

Autor, com Frederico Valsassina, do projecto de um polémico edifício para o Largo do Rato que a Câmara de Lisboa não quer deixar construir, o arquitecto irá agora ajudar a autarquia a desenvolver um plano de pormenor para o quarteirão do Parque Mayer, uma área mais vasta que o antigo recinto do teatro de revista. O seu plano prevê ainda a recuperação do museu da Faculdade de Ciências.

O gabinete AXR Portugal Arquitectos, de Nuno e José Mateus, manteve o segundo lugar que conquistou na primeira fase do concurso. A sua proposta assentou em três eixos que caracterizam a zona: Ciência (museus), Natureza (Jardim Botânico) e Arte (Parque Mayer). As intervenções davam novos usos às construções existentes, embora também se admitisse um novo edifício de ligação à Praça da Alegria. Outras apostas: escolas de arquitectura paisagística e de jardinagem, hotel com 60 quartos e casa de chá suspensa (sobre o Parque).

Gonçalo Byrne, que ficara em 5.º lugar, subiu no alinhamento final à 3.ª posição. A sua proposta, com novos acessos à Praça da Alegria e Rua do Salitre, prevê uma capacidade construtiva de 60 mil m2 de habitação, hotelaria, comércio e serviços. O Capitólio, inserido num “denso tecido urbano multiusos”, beneficiaria de uma ligação por meio mecânicos ao Jardim Botânico.

Arquitecto premiado

Com vários prémios internacionais, Manuel Aires Mateus, de 45 anos, foi distinguido com o Valmor graças à reitoria da Universidade Nova, em Campolide. Já este ano ganhou, em parceria, um concurso para a nova sede da EDP na Boavista.

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