Tribunal suspende livro da sobrinha de Trump sobre “o homem mais perigoso do mundo”

Escrito pela sobrinha do Presidente norte-americano, a psicóloga clínica Mary L. Trump, a venda do livro foi suspensa por agora, mas pode vir a ser autorizada na próxima semana.

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A venda do livro está agendada para 28 de Julho Reuters/Carlos Barria

Um juiz do Supremo Tribunal de Nova Iorque suspendeu a publicação de um livro escrito por Mary L. Trump, uma psicóloga clínica e sobrinha do Presidente norte-americano, que é apresentado pela editora como “um retrato revelador de Donald J. Trump e da família tóxica que o criou”.

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Um juiz do Supremo Tribunal de Nova Iorque suspendeu a publicação de um livro escrito por Mary L. Trump, uma psicóloga clínica e sobrinha do Presidente norte-americano, que é apresentado pela editora como “um retrato revelador de Donald J. Trump e da família tóxica que o criou”.

A suspensão é temporária e a decisão vai ser revista no dia 10 de Julho, depois de o tribunal ouvir os argumentos das duas partes. Se o livro receber luz verde nessa altura, será posto à venda a 28 de Julho.

“Estamos ansiosos por combater nos tribunais, e vamos pedir o máximo de compensação possível pelos enormes danos causados pela quebra de contrato por parte de Mary L. Trump e pela interferência intencional da editora Simon & Schuster nesse contrato”, disse Charles Harder, o advogado que representa Robert Trump, o irmão mais novo do Presidente norte-americano.

O advogado de Mary L. Trump salientou que a decisão é temporária e anunciou que vai recorrer.

“Este livro, que trata de assuntos de grande importância e de interesse público sobre um Presidente em exercício, num ano de eleições, não deve ser suprimido nem que seja por um dia”, disse Theodore J. Boutrous, que descreveu a decisão de terça-feira como “uma evidente violação da Primeira Emenda” – a emenda da Constituição norte-americana que garante o direito ao exercício da liberdade de expressão.

Guerra familiar

A batalha nos tribunais sobre a publicação do livro de Mary L. Trump é o mais recente capítulo de uma guerra familiar que começou há mais de 20 anos, após a morte do patriarca da família, Fred Trump, em 1999.

Nesse ano, os principais herdeiros do magnata do imobiliário, incluindo Donald e Robert, foram acusados pelos seus sobrinhos Fred III e Mary de os terem afastado do testamento.

Os dois irmãos, nascidos na década de 60, são filhos do irmão mais velho de Donald Trump, Fred Trump Jr., que morreu em 1981 com problemas de alcoolismo.

Quando Fred III e Mary decidiram levar a tribunal os seus tios – Maryanne, Elizabeth, Donald e Robert –, a batalha judicial foi tão feia que a família cortou o pagamento das despesas de saúde ao seu sobrinho-neto e filho mais novo de Fred III, William, que nasceu com paralisia cerebral.

Como parte do acordo para pôr fim a essa batalha judicial, os irmãos Fred III e Mary (a autora do livro sobre Donald Trump que está agora no centro da polémica) assinaram um acordo de confidencialidade para nunca discutirem em público os assuntos familiares.

É com base na suposta violação desse acordo que Donald Trump e os seus irmãos tentam agora impedir a publicação do livro de Mary L. Trump, intitulado Too Much and Never Enough: How My Family Created the World’s Most Dangerous Man (Demasiado, mas nunca suficiente: como a minha família criou o homem mais perigoso do mundo).

De acordo com a editora Simon & Schuster, Mary L. Trump “lança uma luz sobre a história negra da família, para explicar como o seu tio se tornou no homem que hoje ameaça a saúde mundial, a segurança económica e o tecido social”.

Depois de Bolton

É a segunda vez em duas semanas que os tribunais são chamados a decidir sobre a publicação de livros focados em Donald Trump, ambos editados pela Simon & Schuster.

A 20 de Junho, um juiz federal rejeitou um pedido para a proibição da venda de The Room Where It Happened (A sala onde tudo aconteceu), um livro de memórias do antigo conselheiro de Segurança Nacional norte-americano, John Bolton, sobre os 17 meses em que esteve na Casa Branca.

Apesar de censurar Bolton e a editora por terem publicado o livro antes de a Casa Branca concluir um processo de revisão de informações confidenciais – que Bolton disse ser uma manobra burocrática para impedir a publicação antes das eleições de Novembro –, o juiz disse que não podia ordenar “a confiscação a nível nacional e a destruição de um livro de memórias políticas”.

No caso do livro de Mary L. Trump, a suspensão temporária foi decidida por um juiz do Supremo nova-iorquino, uma semana depois de o tribunal que trata de assuntos relacionados com heranças ter decidido que não tinha competência para analisar o caso.