Padre António Vieira: uma vida em tensão, um legado em discussão

Foi missionário e diplomata, pregou a igualdade de todos os homens perante Deus e defendeu o comércio de escravos por estratégia política (e teológica). Homem de contradições flagrantes, Vieira está em Portugal no centro da discussão sobre a memória histórica que se desenrola mundo fora.

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A estátua do Padre António Vieira na Largo Trindade Coelho foi inspirada numa gravura da sua biografia publicada em 1746 DR

“Descoloniza”, escreveram no pedestal da estátua de Padre António Vieira, vandalizada por estes dias no Largo Trindade Coelho. A mesma tinta vermelha foi aplicada na boca, nas mãos e no hábito do missionário jesuíta do século XVII, figura de absoluto destaque da cultura e das letras portuguesas, exacerbado oficialmente como pioneiro na defesa dos direitos humanos. A tinta vermelha na estátua firmou de forma evidente a visão contrária: está manchado de sangue o legado de António Vieira — mensagem acentuada pelo coração pintado no peito das três crianças ameríndias esculpidas a seus pés.

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“Descoloniza”, escreveram no pedestal da estátua de Padre António Vieira, vandalizada por estes dias no Largo Trindade Coelho. A mesma tinta vermelha foi aplicada na boca, nas mãos e no hábito do missionário jesuíta do século XVII, figura de absoluto destaque da cultura e das letras portuguesas, exacerbado oficialmente como pioneiro na defesa dos direitos humanos. A tinta vermelha na estátua firmou de forma evidente a visão contrária: está manchado de sangue o legado de António Vieira — mensagem acentuada pelo coração pintado no peito das três crianças ameríndias esculpidas a seus pés.