Um Portimonense-Gil Vicente na primeira página do L’Équipe

Recomeço do campeonato português foi o mote usado pelo jornal francês para olhar para a retoma na Europa do futebol.

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Os jogadores perfilam-se perante as bancadas vazias em Portimão, antes do Portimonense-Gil Vicente LUSA/LUÍS FORRA

Um jogo do campeonato português a encher a primeira página de um jornal internacional é uma raridade. E mais o é quando o jogo em causa é um Portimonense-Gil Vicente, duas equipas que andam longe dos lugares cimeiros da classificação e que serão desconhecidas de boa parte dos adeptos estrangeiros. A “capa” do L'Équipe desta quinta-feira é, no mínimo, surpreendente, mas serviu para recordar que o futebol está a recomeçar em muitos dos campeonatos europeus, ao contrário do que sucedeu em França. 

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Um jogo do campeonato português a encher a primeira página de um jornal internacional é uma raridade. E mais o é quando o jogo em causa é um Portimonense-Gil Vicente, duas equipas que andam longe dos lugares cimeiros da classificação e que serão desconhecidas de boa parte dos adeptos estrangeiros. A “capa” do L'Équipe desta quinta-feira é, no mínimo, surpreendente, mas serviu para recordar que o futebol está a recomeçar em muitos dos campeonatos europeus, ao contrário do que sucedeu em França. 

No final de Abril, foi decretado o fim da Liga francesa 2019-20. Das grandes Ligas europeias, foi a única a interromper definitivamente a marcha, por força da pandemia de covid-19, consagrando o Paris Saint-Germain como campeão. A medida, como é natural, não agradou a todos os clubes (nomeadamente aos que não tiveram oportunidade de corrigir uma posição desconfortável) e, para os franceses que gostam de futebol, não resta outra alternativa senão acompanharem outros campeonatos.

Foi esse o mote para a primeira página do jornal desportivo francês, um dos mais conceituados da Europa: a retoma do futebol em Portugal, que se segue à da Bundesliga e que será seguida pelas de Itália e Inglaterra. Aproveitando este rastilho, o L'Équipe reflecte também sobre o facto de o futebol português, ainda que com menos meios, ser capaz de ombrear e até ultrapassar o francês nos rankings da UEFA.

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Ainda não há números sobre a performance internacional da Liga portuguesa neste primeiro passo do período de retoma, mas a lei da oferta e da procura também se tem aplicado ao futebol - basta ver, a esse respeito, o interesse que gerou a modesta Liga da Bielorrússia, um dos poucos campeonatos a resistir, durante o auge da pandemia. 

A própria Bundesliga, embora tenha ficado abaixo dos mil milhões de telespectadores inicialmente projectados por Karl-Heinz Rummenigge (terão sido pouco mais de 400 milhões na primeira jornada depois da interrupção), presidente do Bayern Munique, beneficiou bastante do apagão generalizado do futebol europeu. Um efeito que também poderá conferir maior visibilidade à Liga portuguesa, especialmente nestes encontros iniciais, enquanto a Série A e a Premier League preparam a retoma.

Com os jogos a serem transmitidos, na totalidade, em canais premium (as negociações para a emissão de algumas partidas em sinal aberto não singraram), importa também saber até que ponto houve uma maior procura interna dos consumidores pelo serviço pago de televisão. A este respeito, o PÚBLICO contactou a Sport TV, detentora dos direitos de transmissão de todos os jogos (com excepção dos encontros do Benfica realizados no Estádio da Luz) mas ainda não obteve resposta.