Spike Lee lança minifilme em protesto contra a morte de George Floyd

O vídeo 3 Brothers junta as gravações dos assassinatos de Floyd e Eric Garner à cena do filme Do The Right Thing em que o personagem Radio Raheem é asfixiado pela polícia.

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O vídeo arranca com a pergunta "A História vai parar de repetir-se?" Reuters/MIKE SEGAR

Num momento em que os protestos e motins devido à morte de George Floyd se multiplicam pelos Estados Unidos, o realizador Spike Lee divulgou nas redes sociais 3 Brothers, um vídeo de um minuto e meio no qual junta as gravações dos assassinatos de Floyd e Eric Garner — cuja morte, em 2014, vítima de asfixiamento pelo polícia Daniel Pantaleo, foi um dos rastilhos do movimento Black Lives Matter — à cena do seu filme Do The Right Thing, de 1989, em que Radio Raheem, um dos personagens, é violentamente atacado e assassinado pelas autoridades em Brooklyn.

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Num momento em que os protestos e motins devido à morte de George Floyd se multiplicam pelos Estados Unidos, o realizador Spike Lee divulgou nas redes sociais 3 Brothers, um vídeo de um minuto e meio no qual junta as gravações dos assassinatos de Floyd e Eric Garner — cuja morte, em 2014, vítima de asfixiamento pelo polícia Daniel Pantaleo, foi um dos rastilhos do movimento Black Lives Matter — à cena do seu filme Do The Right Thing, de 1989, em que Radio Raheem, um dos personagens, é violentamente atacado e assassinado pelas autoridades em Brooklyn.

A montagem, que arranca com a pergunta “A História vai parar de repetir-se?”, aponta para os paralelismos entre os diferentes casos (os três foram asfixiados até à morte). Este domingo, numa entrevista concedida ao canal de televisão CNN, à margem dos protestos que, por exemplo, deixaram em emergência o estado da Geórgia — na capital, Atlanta, está o Martin Luther King National Historical Park, o conjunto de edifícios que marcaram a vida do activista, como a casa onde cresceu ou a igreja baptista onde foi baptizado e serviu como pastor —, o cineasta sublinhou que “as pessoas estão fartas dos ataques em corpos negros” e das mortes que “vêm de todo o lado”. 

“Este comportamento não é novo”, continuou. “Vimos isto nos anos 60, com o assassinato do Dr. King. Sempre que não há justiça, as pessoas reagem da maneira que sentem que têm de reagir para serem ouvidas”, esclareceu, apesar de não concordar com alguns dos protestos mais extremos. Spike Lee frisou ainda que as bases a partir das quais os Estados Unidos foram fundados são o “roubo da terra aos índios, o genocídio e a escravatura”. “George Washington, o nosso primeiro Presidente, teve 123 escravos. Isto não é novo”, reiterou.

Nessa entrevista, o realizador usou uma camisola com o ano “1619”, data em que trabalhadores africanos foram “contratados” (era este o termo na altura, refere o jornal britânico The Guardian) e chegaram a Jamestown, na Virgínia, marcando o que muitos consideram o início da escravatura nos Estados Unidos. A 12 de Junho, através da plataforma de streaming Netflix, Spike Lee lança o filme Da 5 Bloods, que vai acompanhar quatro veteranos de guerra afro-americanos que são forçados a regressar ao Vietname para procurar o seu líder, desaparecido em combate.