Prepare-se para as alergias que aí vêm

As alergias da Primavera sobem de tom em Maio, com impacto directo na qualidade de vida de quem delas sofre. Agora que o desconfinamento é uma realidade e todos voltamos à rua, importa saber como tratá-las quando se fizerem sentir.

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Quem sofre de alergias na Primavera tem estado, este ano, relativamente resguardado – e a respirar de alívio - com poucos ou nenhuns sintomas. Afinal, o facto de estar em casa acaba por ter esse lado favorável de protecção para quem é mais susceptível. Mas com o desconfinamento progressivo é normal que esteja de regresso o pesadelo de muita gente. Crianças, adultos e idosos, todos podem ser alvo de crises alérgicas, que se caracterizam sobretudo por congestão nasal, comichão intensa, tosse seca, olhos vermelhos e lacrimejantes, espirros ou até ataques de asma. Na sua maioria são sintomas que parecem inofensivos, mas a verdade é que o seu impacto no dia-a-dia é grande, alterando rotinas e provocando enorme desconforto.

As alergias mais não são do que uma resposta exacerbada do nosso organismo a elementos do ambiente que nos rodeia assumindo que estes pode constituir uma ameaça. Dito de outra forma, o sistema imunitário de quem tem alergias encara como alvos a abater algumas substâncias normalmente inofensivas para a maior parte das pessoas – os alérgenos – criando uma reacção exagerada do corpo e dando origem aos sintomas que caracterizam as alergias. Entre os alérgenos mais comuns contam-se alguns alimentos, picadas de insectos, pelos de animais e os pólenes, que são os responsáveis pelas alergias típicas da Primavera, porque nesta altura do ano as concentrações polínicas na atmosfera são mais elevadas.

Os pólenes são grãos muito pequenos e invisíveis a olho nu, sendo essenciais para que as plantas se reproduzam. Com o vento são transportados pelo ar, entrando em contacto com os olhos, pele e vias respiratórias, acabando por desencadear reacções alérgicas nas pessoas mais vulneráveis.

O pesadelo da rinite alérgica

Há muitas formas de as alergias aos pólenes se manifestarem, uma das mais comuns é a rinite alérgica, que se caracteriza sobretudo por espirros, nariz entupido, corrimento e comichão nasal. Estima-se que afecte mais de 400 milhões de pessoas em todo o mundo, ainda que muitas não estejam diagnosticadas ou correctamente tratadas. Em Portugal, a rinite alérgica atinge cerca de 22% da população de todas as idades, sendo que nas crianças entre os 3 e os 5 anos a prevalência chega aos 43%, mas cerca de 74% não têm diagnóstico confirmado. Já na população entre os 25 e os 64 anos de idade, o número de casos atinge os 26%, metade dos quais com sintomas persistentes.

Mesmo não sendo, em geral, um problema de saúde com gravidade, a rinite alérgica tem um forte impacto no quotidiano de quem é atingido, com seis em cada dez pessoas a referirem consequências significativas na sua qualidade de vida. Entre as queixas mais frequentes contam-se cansaço, dificuldade em dormir, diminuição do funcionamento cognitivo, absentismo laboral e escolar, bem como efeitos psicológicos e interferência em momentos sociais.

Sabe-se ainda que existe uma estreita relação entre asma e rinite alérgica, de tal maneira que quem sofre de rinite apresenta um risco de asma quatro vezes superior. E se a pessoa com rinite tiver também sinusite, então tem um risco dez vezes maior de vir a desenvolver asma. A correlação é de tal ordem que, segundo a World Allergy Organization (WAO), até 40% dos doentes com rinite alérgica têm asma, sendo que mais de 80% das pessoas com asma também sofrem de rinite.

Pele também sofre

Mas não são só as vias respiratórias que podem ser afectadas pelas alergias. Também a pele, por ter uma grande extensão e estar muito exposta, é alvo de manifestações, como a urticária. Esta é uma reacção alérgica comum, manifestando-se por intensa comichão, babas vermelhas e inchaço. A urticária idiopática crónica é frequente na infância apresentando elevada incidência sobretudo em bebés e crianças em idade pré-escolar. O incómodo provocado é tão elevado que, se não for tratada, pode chegar a afectar a produtividade em 30%.

Da mesma maneira, a dermatite atópica é também susceptível de sofrer um agravamento durante a Primavera, manifestando-se por comichão, pele vermelha, descamativa e seca.

Muito frequentes nesta altura do ano são também as manifestações oculares, como a conjuntivite alérgica, caracterizada por comichão nos olhos, vermelhidão, olhos lacrimejantes ou sensação de corpo estranho.

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E a Covid-19?

Actualmente, uma das maiores preocupações no que diz respeito à saúde é o possível agravamento de determinadas patologias devido à Covid-19, ou maior vulnerabilidade ao contágio, mas a evidência científica existente é optimista quanto às alergias. Segundo a Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC), os dados disponíveis não revelam que os doentes com asma ou outras doenças alérgicas tenham um risco aumentado de contrair a infecção. Ainda assim, refere que “do ponto de vista teórico faz sentido que a asma possa ser um factor de risco para infecção Covid-19 mais grave, pelo que se recomenda um cuidado extra”. No mesmo sentido, a WAO salienta que as pessoas com asma – sejam crianças ou adultos – estão incluídas nos grupos de risco do novo coronavírus, mas os dados mostram que a maioria das que foram infectadas não apresentaram gravidade e o mesmo para outras doenças, como a rinite ou a dermatite atópica. Entre as recomendações principais, é salientada a importância de não se interromper a medicação habitual que tenha sido prescrita pelo médico para tratar ou controlar a asma e restantes patologias alérgicas.

Quanto à urticária e dermatite atópica, a SPAIC explica que embora possam ser doenças crónicas, não implicam risco aumentado de contrair a Covid-19. Porém, é feita uma ressalva para doentes a fazer tratamento com medicamentos imunossupressores (destinados a reduzir as defesas do organismo), os quais poderão ter um risco acrescido de desenvolver formas mais graves da infecção.

Como prevenir e controlar?

Ter as alergias correctamente diagnosticadas e controladas é meio caminho para garantir qualidade de vida aos doentes alérgicos. Uma das formas de assegurar um controlo eficaz é através da toma dos chamados anti-histamínicos de segunda geração, medicamentos considerados bem tolerados e eficazes, que não causam sono, ao contrário de alguns fármacos desta classe mais antigos. Os anti-histamínicos de segunda geração constam actualmente das recomendações clínicas internacionais para o tratamento da rinite alérgica e da urticária. 

Claritine 10mg comprimidos. Contém loratadina. Alivia os sintomas de rinite alérgica (espirros, corrimento e comichão nasal e comichão e ardor nos olhos); e de urticária (comichão, vermelhidão, número e tamanho das lesões da urticária). Indicado para Adultos e crianças com idade igual ou superior a 6 anos com peso corporal superior a 30 kg. Contra-indicado se tem alergia à loratadina ou aos outros componentes. Não usar durante o aleitamento e evitar o uso durante a gravidez. Contém lactose (se tem intolerância a alguns açúcares, contacte o médico antes de tomar este medicamento). Fale com o seu médico ou farmacêutico se sofre de doença hepática. Não tome dois dias antes da realização de testes de sensibilidade cutânea. Medicamento não sujeito a receita médica de dispensa exclusiva em farmácia. Leia atentamente o folheto informativo. Em caso de dúvida ou persistência dos sintomas, consulte o médico ou farmacêutico.

L.PT.MKT.05.2020.2987