Dancemos com os Clã enquanto as bombas caem

Antes de qualquer pandemia, o sexteto portuense compôs um álbum dominado pela ameaça e pela iminência de um acontecimento transformador. Véspera parece feito para estes dias — mas tenta ligar-nos à resistência de todos os outros.

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João Octávio Peixoto

Em momentos como este, em que a nossa atenção colectiva se vê sugada de forma tão evidente por um fenómeno global, é inescapável que a realidade nos surja sempre deformada pelo filtro da pandemia. Qualquer filme de zombies passa a falar-nos da ameaça exterior, qualquer distopia literária nos remete para a perda consentida de direitos e para o policiamento doentio dos concidadãos, qualquer monólogo teatral que explore a solidão ou a ansiedade nos contagia com o medo e o desconforto extremo de cada um se ver na presença de outros. Se a ficção nos ajuda, tantas vezes, a lidar com a realidade, também a realidade, em contrapartida, nos obriga a relacionarmo-nos de formas diversas com narrativas que julgávamos ter arquivadas e arrumadas em nós. Os dias da pandemia, afinal, desarrumam e mudam tudo de sítio.

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