Trump demite inspector do Departamento de Estado que investigava Pompeo

Democratas dizem que Linick abriu um inquérito sobre o alegado abuso de poder do secretário de Estado. Novo inspector-geral é um aliado próximo do vice-presidente, Mike Pence.

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Steve Linick era inspector-geral do Departamento de Estado norte-americano Reuters/Jonathan Ernst

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, dispensou na sexta-feira à noite os serviços de Steve Linick, inspector-geral do Departamento de Estado norte-americano, argumentando ter perdido a confiança nele. Mas, segundo o congressista democrata Eliot L. Engel, que preside à comissão de Assuntos Externos da Câmara dos Representantes do Congresso, a verdadeira justificação do afastamento de Linick prende-se com a abertura de uma investigação ao secretário de Estado, Mike Pompeo, por causa de um caso de suposto abuso de poder.

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O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, dispensou na sexta-feira à noite os serviços de Steve Linick, inspector-geral do Departamento de Estado norte-americano, argumentando ter perdido a confiança nele. Mas, segundo o congressista democrata Eliot L. Engel, que preside à comissão de Assuntos Externos da Câmara dos Representantes do Congresso, a verdadeira justificação do afastamento de Linick prende-se com a abertura de uma investigação ao secretário de Estado, Mike Pompeo, por causa de um caso de suposto abuso de poder.

Citado pelo Washington Post, um assessor democrata no Congresso norte-americano revela que Linick investigava “a utilização indevida de um funcionário do Departamento [de Estado], nomeado pelo poder político, para o desempenho de tarefas pessoais” de Pompeo e da sua mulher.

“Este despedimento é uma tentativa ultrajante do Presidente de impedir que um dos seus apoiantes mais leais, o secretário de Estado, seja escrutinado”, denunciou Engel através de um comunicado

“Tomei conhecimento de que o gabinete do inspector-geral abriu uma investigação ao secretário Pompeo. A demissão do Sr. Linick a meio desse inquérito sugere claramente que se tratou de um acto de retaliação ilegal”, criticou o congressista democrata, acusando o Presidente dos EUA de “acreditar que está acima da lei”.

Numa carta enviada à presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi (democrata), a que o New York Times teve acesso, Trump afirmou apenas que “é vital que haja total confiança em quem é escolhido para servir como inspector-geral” e concluiu que “deixou de ser esse o caso, no que toca a este inspector-geral”.

O cargo – de natureza independente, devido ao seu papel fiscalizador – será agora ocupado por Stephen Akard, um diplomata próximo do vice-presidente Mike Pence, anunciou o Departamento de Estado.

O afastamento de Steve Linick, nomeado pela Administração Obama, é apenas o caso mais recente de uma vaga de demissões de inspectores-gerais ordenada pela Casa Branca nas últimas semanas, que a oposição acredita ser motivada por falta de lealdade para com o Presidente republicano. 

No início deste mês o Presidente demitiu Christi Grimm, vice-inspectora-geral do Departamento de Saúde, depois de esta ter elaborado um relatório sobre a escassez de material médico nos hospitais para conter a pandemia do novo coronavírus.

Antes de Grimm, Michael Atkinson tinha sido forçado a abandonar a Administração. Demitido no início de Abril, o então inspector-geral da Comunidade de Inteligência havia sido responsável por dar luz verde ao envio para o Congresso da denúncia sobre a conversa telefónica entre Trump e o Presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, que abriu caminho ao processo de impeachment contra o chefe de Estado norte-americano

“Sejamos claros: todas estas movimentações são punições aos inspectores-gerais por fazerem o trabalho que a lei os autoriza e lhes exige. Isto não vai acabar até o Congresso levar estes despedimentos retaliatórios a sério”, criticou o antigo inspector-geral do Departamento de Justiça, Michael Bromwich, no Twitter. 

“A nomeação de um amigo do vice-presidente politiza ainda mais cargos que, por estatuto, deveriam ser apartidários. Mais uma norma importante deturpada”, lamentou Bromwich.