Rio diz que Centeno “não tem condições para continuar” no Governo

Líder do CDS considera que o Presidente da República devia evitar ser “arrastado” para o conflito entre o primeiro-ministro e o ministro das Finanças.

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Rui Rio defende que ministro das Finanças ficou "pior" depois da audição no Parlamento Paulo Pimenta

O líder do PSD considera que o ministro de Estado e das Finanças “não tem condições para continuar” no Governo e diz que, se estivesse no lugar do primeiro-ministro, o governante, “se não se demitisse, seria demitido”. O líder do PSD falava aos jornalistas, no Parlamento, depois de ter publicado um tweet a condenar a posição de Mário Centeno. 

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O líder do PSD considera que o ministro de Estado e das Finanças “não tem condições para continuar” no Governo e diz que, se estivesse no lugar do primeiro-ministro, o governante, “se não se demitisse, seria demitido”. O líder do PSD falava aos jornalistas, no Parlamento, depois de ter publicado um tweet a condenar a posição de Mário Centeno. 

“O primeiro-ministro é que entende se demite o ministro. Se eu estivesse no lugar dele, se [ele] não se demitisse, seria demitido”, afirmou Rui Rio, considerando que a posição de Mário Centeno é “insustentável”, depois da “crítica pública” do Presidente da República e de a bancada do PS não o ter defendido esta tarde durante o debate parlamentar.

O líder social-democrata admitiu, no entanto, temer as consequências da saída do ministro das Finanças nesta altura de crise. “Não é desejável, mas há um mês era pior”, disse. 

Questionado sobre as declarações do chefe de Estado ao não secundar Mário Centeno, Rui Rio lembrou que Marcelo Rebelo de Sousa “tem muita experiência”, que tem o “cargo” que ocupa e que “não vai fazer uma afirmação gratuita” deste género. 

Relativamente ao silêncio do primeiro-ministro, o líder do PSD disse que compreende essa pausa “durante algum tempo”, mas não “ad eternum”. “No fim, se entender que o ministro continua em funções, aqui já farei um juízo negativo do primeiro-ministro”. 

O líder do PSD salvaguardou não estar a fazer um pedido de demissão do governante: “Eu não faço remodelações. O que digo é que, se fosse primeiro-ministro, trocava o ministro”. 

Em reacção a estas declarações, o vice-presidente da bancada do PS João Paulo Correia veio condenar a posição do líder do PSD. “As declarações de Rui Rio são abusivas relativamente ao que se passou no debate parlamentar desta tarde, o debate não passou por saber se o dr. Mário Centeno iria continuar ou não como ministro das Finanças”, afirmou. “O dr. Rui Rio quis desviar as atenções do debate para uma certa teoria da conspiração, o que lamentamos”, acrescentou, elogiando como “notável” o trabalho desenvolvido pelo ministro das Finanças, tendo em conta os números das contas públicas e do crescimento económico.

Horas depois, e já durante a reunião entre o ministro das Finanças e o primeiro-ministro, o líder do CDS-PP remete para António Costa o esclarecimento sobre se mantém a confiança em Mário Centeno e aproveita para dar um recado a Marcelo Rebelo de Sousa. “Seria prudente que neste processo o Presidente da República zelasse pelo regular funcionamento das instituições e evitasse ser arrastado para o conflito, não lhe cabendo coordenar o Governo”, declarou Francisco Rodrigues dos Santos, numa nota enviada às redacções. 

Rangel pede demissão

A posição do líder social-democrata sobre a falta de condições de Mário Centeno foi primeiro assumida no Twitter antes de ser transmitida de viva voz aos jornalistas. “Se estava mal, com esta prestação na Assembleia da República, Centeno ainda ficou pior. Não tem condições para continuar”, escreveu Rui Rio.

“Mal vai um primeiro-ministro que mantém um ministro que não lhe foi leal, que tem a crítica pública do Presidente da República, que a bancada do PS não defendeu e que diz ser irresponsável fazer o que o primeiro-ministro anunciou”, acrescentou.

O eurodeputado social-democrata Paulo Rangel foi directo e pediu mesmo a demissão de Mário Centeno. “Aquilo que em qualquer país normal aconteceria e, se um ministro das Finanças ocultou – ele já disse que ocultou -, evidentemente que ele tem que tirar consequências disso. Ou tem de ser demitido ou tem de se demitir”, defendeu, em declarações ao programa Casa Comum, da Rádio Renascença.

Paulo Rangel critica a forma como foi comunicada a transferência de 850 milhões de euros ao Novo Banco. “Isto não é uma coisa infantil, não é uma polémica. Estamos num momento em que estamos a falar de centenas e de milhares de milhões para salvar a economia e de prejuízos. Se há a necessidade de fazer isso para salvar um banco e evitar uma crise maior, isto tem de ser muito bem comunicado nesta altura. Não é uma coisa que uma pessoa se lembre no seu gabinete de fazer, sem avisar o primeiro-ministro”, acusou.

A polémica surgiu depois de o primeiro-ministro ter garantido no Parlamento, na quinta-feira passada, que não haveria qualquer transferência para o Novo Banco sem ser conhecido resultado de uma auditoria em curso. Depois, António Costa pediu desculpas aos bloquistas, avançou o Expresso, por se ter realizado uma transferência de 850 milhões de euros no dia anterior para o Fundo de Resolução, que injecta no banco.