Enfermeiros do Hospital de Aveiro preocupados com atendimento na emergência pediátrica

Administração determinou que o atendimento emergente de crianças passasse a ser assegurado na sala de emergência de adultos. Enfermeiros afectos à urgência dizem temer pela “segurança” do doente pediátrico.

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Hospital de Aveiro PAULO PIMENTA/Arquivo

A instrução foi dada no final do passado mês: as emergências não passíveis de estabilizar no actual espaço da urgência pediátrica “não covid” do Hospital de Aveiro têm de ser observadas e acompanhadas na sala de emergência “não covid” da urgência de adultos. A decisão está a motivar preocupação no seio dos enfermeiros afectos à urgência da unidade de saúde pertencente ao Centro Hospitalar do Baixo Vouga (CHBV).

“A sala de emergência da urgência geral não está munida de dispositivos médicos nem de enfermeiros que possam garantir toda segurança e qualidade no atendimento ao doente pediátrico”, alerta Graça Tavares, enfermeira e representante do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP).

Hoje mesmo, os enfermeiros dão nota pública das suas preocupações em conferência de imprensa à porta do hospital e prometem fazer chegar à administração, nos próximos dias, um abaixo-assinado.

Os enfermeiros pedem que sejam “tomadas as necessárias medidas reparadoras no mais curto espaço de tempo”, ou seja, reservando um espaço próprio para a emergência pediátrica “não covid”.  E deixam, ainda, o aviso: os enfermeiros da urgência geral/adultos “declinam no conselho de administração do Centro Hospitalar Baixo Vouga, EPE, toda e qualquer responsabilidade inerente às consequências decorrentes desta instrução de trabalho”.

“Felizmente, ainda não aconteceu nenhum caso, mas será muito complicado estar a prestar assistência a uma criança, com, por exemplo, um politraumatizado ao lado”, exemplifica Graça Tavares.

Contactada pelo PÚBLICO, a administração do centro hospitalar lamenta não ter recebido “qualquer interpelação por parte dos enfermeiros do serviço de urgência relativa a qualquer instrução de trabalho comunicada no decorrer da última semana”.

Num esclarecimento escrito, a administração diz que foi “com surpresa e perplexidade” que teve conhecimento da “contestação” à instrução de trabalho, determinada pelo facto de a urgência pediátrica “estar a funcionar com dois circuitos distintos” (covid-19 e outras patologias). “Este é claramente um assunto interno e que deve ser tratado, em primeira instância, internamente”, refere fonte da administração.

O PÚBLICO sabe que há outros assuntos a causar preocupação aos enfermeiros do serviço de urgência, nomeadamente no que concerne à resposta à covid-19, e que também podem vir a motivar uma tomada de posição colectiva nos próximos dias.

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