Morreu Genesis P-Orridge, artista, vanguardista, corpo em transgressão

Nome seminal da música industrial britânica, o fundador dos Throbbing Gristle e dos Psychic TV cruzou todas as fronteiras, incluindo as de género. “Hermafrodita alquímico”, o artista, que passou a definir-se como um ser “pandrógino” na sequência de um peculiar projecto cirúrgico de fusão corporal com a sua mulher, morreu aos 70 anos, vítima de leucemia.

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Genesis P. Orridge em 2009, num concerto em Serralves FERNANDO VELUDO/NFACTOS

“Foi uma vida cheia. Não a desperdiçámos”, concluía há pouco mais de um ano Genesis P-Orridge no final da longa entrevista de vida, já então definitivamente ensombrada pela morte, que deu ao New York Times. Nome seminal da música experimental europeia, transgressor de todas as fronteiras, incluindo as de género, o fundador das bandas de culto britânicas Throbbing Gristle e Psychic TV – fundadora, corrigiria, ainda que não estivesse confortável com nenhuma das possibilidades que a binária língua inglesa lhe oferecia – já sabia que a leucemia mielóide crónica que lhe fora diagnosticada em 2017 não lhe predestinava um grande futuro. “Estou estável, as minhas análises estão quase normais. Mas a qualquer momento isto vai inflamar-se e tornar-se terminal, e não há maneira de saber quando acontecerá. Optimisticamente, dois anos. Menos optimisticamente, um ano, talvez seis meses. A partir daí estou na descida para a morte”, previa. Não errou por muito: morreu na manhã de sábado, aos 70 anos.

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“Foi uma vida cheia. Não a desperdiçámos”, concluía há pouco mais de um ano Genesis P-Orridge no final da longa entrevista de vida, já então definitivamente ensombrada pela morte, que deu ao New York Times. Nome seminal da música experimental europeia, transgressor de todas as fronteiras, incluindo as de género, o fundador das bandas de culto britânicas Throbbing Gristle e Psychic TV – fundadora, corrigiria, ainda que não estivesse confortável com nenhuma das possibilidades que a binária língua inglesa lhe oferecia – já sabia que a leucemia mielóide crónica que lhe fora diagnosticada em 2017 não lhe predestinava um grande futuro. “Estou estável, as minhas análises estão quase normais. Mas a qualquer momento isto vai inflamar-se e tornar-se terminal, e não há maneira de saber quando acontecerá. Optimisticamente, dois anos. Menos optimisticamente, um ano, talvez seis meses. A partir daí estou na descida para a morte”, previa. Não errou por muito: morreu na manhã de sábado, aos 70 anos.