8 de Março de 1962. A manifestação das mulheres que não está nos livros

Com bombinhas de São João, Maria José Ribeiro anunciava o que viria a ser histórico. Naquela tarde de Março, no Porto, as mulheres foram protagonistas da luta antifascista e pela primeira vez exigiam ser “cidadãs de corpo inteiro”. Maria acabou por ser presa e pontapeada no peito pela PIDE. A manifestação do Dia Internacional da Mulher que a polícia jurava fracassar conseguiu afrontar o regime, destoar da luta da esquerda, mas foi esquecida por todos.

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Maria José Ribeiro, 84 anos Nelson Garrido

8 de Março de 1962. Mal o ponteiro do relógio marcou as seis horas da tarde, Maria José Ribeiro fugiu ligeira do trabalho. Desde a Rua Fernando Tomás, onde ficava a seguradora em que passava os dias, até à Praça da Liberdade era sempre a descer. De gabardina, mala de couro e lenço na cabeça, Maria palmilhou caminho, apressada, para assistir àquilo que tinha sido meticulosamente planeado nas últimas semanas. A primeira manifestação — e a única até ao 25 de Abril — em que as mulheres recusaram encaixar-se na moldura construída pelo regime de Salazar e fizeram da rua o palco de festejo do Dia Internacional da Mulher.

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8 de Março de 1962. Mal o ponteiro do relógio marcou as seis horas da tarde, Maria José Ribeiro fugiu ligeira do trabalho. Desde a Rua Fernando Tomás, onde ficava a seguradora em que passava os dias, até à Praça da Liberdade era sempre a descer. De gabardina, mala de couro e lenço na cabeça, Maria palmilhou caminho, apressada, para assistir àquilo que tinha sido meticulosamente planeado nas últimas semanas. A primeira manifestação — e a única até ao 25 de Abril — em que as mulheres recusaram encaixar-se na moldura construída pelo regime de Salazar e fizeram da rua o palco de festejo do Dia Internacional da Mulher.