Erdogan acorda cessar-fogo com Putin na Síria e Grécia vai enviar refugiados para os países de origem

Enquanto a Turquia se põe de acordo a Rússia para delimitar áreas de influência na zona de Idlib, para evitar mais conflitos, o Governo de Ancara aprofunda conflito com a Grécia e a União Europeia por causa dos Refugiados.

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Polícia grega e refugiados, na travessia de fronteira de Pazarkule, em Kastanies Florion Goga/REUTERS

O Presidente turco Recep Tayyip Erdogan foi a Moscovo esta quinta-feira negociar com o seu homólogo Vladimir Putin um cessar-fogo na região de Idlib, na Síria - onde os dois países têm entrado em choque nos últimos tempos -que entra em vigor à meia-noite. A Turquia reserva-se, no entanto, o direito de “responder a todos os ataques do regime sírio” no terreno de batalha.

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O Presidente turco Recep Tayyip Erdogan foi a Moscovo esta quinta-feira negociar com o seu homólogo Vladimir Putin um cessar-fogo na região de Idlib, na Síria - onde os dois países têm entrado em choque nos últimos tempos -que entra em vigor à meia-noite. A Turquia reserva-se, no entanto, o direito de “responder a todos os ataques do regime sírio” no terreno de batalha.

Se numa das frentes abertas por Erdogan na sua disputa pelos interesses que tem no conflito sírio há um abrandamento, na crise aberta a Ocidente, ao enviar para a fronteira da Grécia milhares de refugiados vindos da Síria, do Afeganistão e outros países, alguns dos pelo menos 3,6 milhões que acolheu ao longo dos nove anos de guerra na Síria, os sinais são de agudização.

A Grécia anunciou que vai enviar para os seus países de origem os refugiados que tiverem conseguido entrar no país ilegalmente desde 1 de Março – e disse que já repeliu da fronteira cerca de 35 mil refugiados, desde que a Turquia abriu as suas fronteiras, na quinta-feira passada. O ministro da Imigração grego, Notis Mitarachi, disse que estas pessoas vão ser transferidas para a cidade de Serres, no Norte, e daí deportadas.

Desde dia 1 que não são aceites mais pedidos de asilo e os migrantes e refugiados que tenham entrado na Grécia antes de 1 de Janeiro de 2019 e que hoje estão nas ilhas gregas – sobrelotadas, e numa situação de enorme tensão – serão transferidos para o continente nos próximos dias, acrescentou Mitarachi.

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O ministro do Interior turco, Suleyman Soylu, visitou a província de Edirne, que fica na fronteira com a Grécia, já esta quinta-feira, e anunciou o envio de um destacamento de mil polícias da força de intervenção, para travar o rechaçar dos refugiados de volta para território turco.

Soylu anunciou ainda que a Turquia está a preparar um caso para apresentar ao Tribunal Europeu de Direitos Humanos a denunciar o tratamento dado pela Grécia aos refugiados. Acusou as autoridades gregas de serem responsáveis por ferimentos em 164 refugiados e por terem forçado de volta para a Turquia cerca de 5000 pessoas.

Ancara acusou as forças gregas de terem morto a tiro quatro refugiados – o que Atenas nega, acusando, por sua vez, a Turquia, de estar a ajudar os migrantes a cruzar a fronteira. Ambos os lados têm usado abundantemente gás lacrimogéneo contra as pessoas que tentam fazê-lo.

A Grécia diz que os seus guardas fronteiriços impediram sete mil entradas ilegais naquela fronteira só nas últimas 24 horas, o que eleva a 34.778 o número de detenções ali feitas. Terão conseguido passar 244 pessoas, dizem fontes governamentais gregas.

A Comissão Europeia recusou-se a censurar o comportamento das autoridades gregas e a sua política de dissuasão dos migrantes que procuram aceder ao território europeu. E também se recusa a denunciar o acordo que foi assinado com o Governo da Turquia, em Março de 2016, para travar o acesso de refugiados ao território europeu. 

“Compreendemos a situação difícil em que a Turquia se encontra mas consideramos que os últimos desenvolvimentos junto à fronteira europeia estão a exacerbar os problemas. Acções unilaterais não são positivas, não beneficiam ninguém, pioram a situação e dificultam a sua solução”, disse o alto representante da União Europeia para a política externa, Josep Borrell, de regresso de um encontro em Ancara com Erdogan.