Coronavírus: fabricantes de bebidas na Coreia do Sul doam álcool para desinfectantes

Fabricantes de soju, a bebida nacional da Coreia do Sul, vão partilhar as suas reservas de álcool com a indústria de anti-sépticos. Entre eles, a Daesun, que para já vai doar 32 toneladas de etanol.

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Descarga de etanol doado Reuters/KIM HONG-JI

Fabricantes de soju, a bebida nacional da Coreia do Sul e uma das bebidas brancas mais vendidas do mundo, juntaram-se à luta contra o maior surto de coronavírus fora da China. Como? Vão partilhar as suas reservas de álcool com fabricantes de anti-sépticos.

Desinfectantes, como gel para as mãos, estão a voar das prateleiras, tal como as máscaras médicas, numa altura em que os casos de infecções na Coreia do Sul já ultrapassam os cinco mil, um mês depois do primeiro diagnóstico. Os fabricantes sul-coreanos de soju estão a responder a esta procura ao doar o álcool que se destinava à bebida espirituosa destilada, que tem um volume de 17 a 20% e é tradicionalmente feita à base de arroz, embora hoje em dia cada vez mais a partir de trigo ou batata.

“A demanda pelo etanol para desinfecção tem crescido e a oferta é limitada... Decidimos fornecê-lo”, contou à Reuters um representante da Daesun Distilling, com sede na cidade de Busan, no sudeste sul-coreano. A empresa prometeu doar 32 toneladas de etanol para desinfectar edifícios e locais públicos em Busan e Daegu, cidade na mesma região que é o centro do surto na Coreia do Sul. “Planeamos continuar a doar, até o surto do coronavírus estar estabilizado, e doar ainda mais 50 toneladas”, acrescentou o responsável, que quis permanecer anónimo, já que não estava autorizado a falar com a imprensa.

Os sul-coreanos bebem uma média de 12 shots de soju por semana, informa a imprensa local, que cita números da indústria. O etanol para bebidas alcoólicas pode ser produzido por fermentação ou destilação, tipicamente a partir de grãos ou plantas. O químico também pode ser obtido a partir de matéria-prima petroquímica. Quer seja usado para bebidas ou para desinfecção, mantém a mesma estrutura química e pode quebrar a partícula do vírus, explica Lee Duckwhan, um professor de química na Universidade Sogang, em Seul, a capital. “A haver alguma diferença, só mesmo o imposto sobre o etanol produzido pelas fabricantes de bebida”, refere Lee.

Os receios face ao vírus quadruplicaram as vendas de Fevereiro de sabão e gel desinfectante, incluindo aqueles com base de álcool, face ao ano passado, segundo os dados mostrados pela gigante do retalho Lotte Mart. Tal como a Daesun Distilling, a Hallasan Soju, sediada na ilha-resort de Jeju, providenciou cinco toneladas de etanol às autoridades na terça-feira, anunciou representante da empresa.

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