Imagens da NASA mostram redução drástica da poluição na China com a crise do coronavírus

Os valores de dióxido de azoto (NO2) caíram a pique na região central da China. Investigadores da NASA e da ESA acreditam que os períodos de quarentena por causa do novo coronavírus e a desaceleração económica a ele associada podem explicar esta diminuição.

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Uma névoa, que combina poeira e poluição do ar, paira sobre a China em Dezembro de 2012 DR

Uma série de imagens de satélite da NASA e da Agência Espacial Europeia (ESA) mostram uma redução significativa nos níveis de poluição por dióxido de azoto (NO2) sobre a China, anunciou a agência espacial norte-americana. Numa publicação no site do Earth Observatory, a NASA refere que é possível que a mudança se deva, pelo menos em parte, ao abrandamento da economia associado à epidemia do novo coronavírus.

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Uma série de imagens de satélite da NASA e da Agência Espacial Europeia (ESA) mostram uma redução significativa nos níveis de poluição por dióxido de azoto (NO2) sobre a China, anunciou a agência espacial norte-americana. Numa publicação no site do Earth Observatory, a NASA refere que é possível que a mudança se deva, pelo menos em parte, ao abrandamento da economia associado à epidemia do novo coronavírus.

A actividade das fábricas no país caiu drasticamente à medida que os trabalhadores abandonaram as fábricas para cumprir quarentena e evitar a contaminação pelo vírus SARS-CoV-2, que causa a doença Covid-19. Os cientistas da NASA afirmam que a redução nos níveis de dióxido de azoto, “um gás nocivo emitido por veículos a motor, centrais de energia e unidades industriais”, começou a notar-se inicialmente na zona da cidade de Wuhan, epicentro de contágio do vírus, espalhando-se em seguida por todo o país.

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A primeira imagem mostra a densidade de dióxido de azoto entre 1 e 20 de Janeiro. A segunda imagem mostra a densidade do mesmo composto químico entre 10 e 25 de Fevereiro. NASA

A redução nos níveis de dióxido de azoto nos últimos meses também coincide com as celebrações do Ano Novo Chinês, que normalmente leva ao encerramento de negócios e fábricas entre a última semana de Janeiro e o início de Fevereiro. Observações anteriores já tinham mostrado que a poluição do ar diminuía durante este período, mas os níveis voltavam a subir novamente logo depois das festividades.

As imagens das duas entidades espaciais foram usadas para comparar os dois primeiros meses de 2019 com o mesmo período deste ano. "É a primeira vez que vejo uma queda tão dramática numa área tão ampla”, refere Fei Liu, investigadora da NASA especializada em qualidade do ar.

Um segundo conjunto de imagens mostra os valores de dióxido de azoto no espaço aéreo da China entre 1 e 20 de Janeiro, antes da quarentena em território chinês ter sido decretada, e entre 10 e 25 de Fevereiro, durante o período de isolamento de milhares de cidadãos.

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NASA

Liu explica que já durante a recessão económica que começou em 2008 foi registada uma diminuição no NO2 em vários países, mas essa queda foi gradual. Os cientistas também observaram uma redução significativa em redor de Pequim durante os Jogos Olímpicos de 2008, mas os níveis de poluição subiram novamente depois do fim das competições.

Embora o Ano Novo Chinês possa ter desempenhado um papel importante nesta diminuição da poluição, os investigadores acreditam que a queda drástica é mais do que um “efeito das férias ou da variação relacionada com o clima”. “Em 2020, os níveis de NO2 no Leste e no Centro da China foram significativamente mais baixos (entre 10 a 30%) do que o que é normal para este período temporal”, lê-se no comunicado da NASA.

As principais cidades chinesas são frequentemente cobertas por um manto de poluição, resultado de três décadas de forte crescimento económico assente na produção industrial, que transformou o país na “fábrica do mundo”. A poluição é responsável por milhões de mortes prematuras todos os anos na China e é uma das principais fontes de descontentamento popular no país. 

A epidemia de Covid-19 provocada por um novo coronavírus, detectado na China no final do ano, já infectou mais de 85 mil pessoas, das quais morreram mais de 2900, segundo as autoridades dos 60 países e territórios afectados.