O dilema “ocidental” da Europa

Os europeus não estão preparados para uma estratégia de confronto com a China. O problema é que também não têm qualquer estratégia alternativa.

1. Mark Leonard, director do European Council on Foreign Relations (ECFR), chama “estranho neologismo germânico” ao conceito que Wolfgang Ischinger​ escolheu para a conferência que anualmente reúne em Munique as elites ocidentais da segurança: “Westlessness.” O que, em linguagem normal, quereria dizer a falta ou recuo do Ocidente. A primeira questão é obviamente saber se ainda há Ocidente. A resposta pode ser simples, se tivermos em conta que o conceito assenta na aliança das democracias liberais dos dois lados do Atlântico – ou seja, num conjunto de valores comuns, que se mantêm, embora desgastados, e que estiveram na base da ordem internacional em vigor depois da II Guerra que sobreviveu à Guerra Fria e que hoje se encontra em profunda crise. Neste último sentido, é possível dizer que o mundo começa a sentir bastante o recuo do Ocidente, com a emergência de grandes potências revisionistas dessa mesma ordem internacional, que não fazem parte da família das democracias liberais nem partilham os seus valores fundamentais.

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1. Mark Leonard, director do European Council on Foreign Relations (ECFR), chama “estranho neologismo germânico” ao conceito que Wolfgang Ischinger​ escolheu para a conferência que anualmente reúne em Munique as elites ocidentais da segurança: “Westlessness.” O que, em linguagem normal, quereria dizer a falta ou recuo do Ocidente. A primeira questão é obviamente saber se ainda há Ocidente. A resposta pode ser simples, se tivermos em conta que o conceito assenta na aliança das democracias liberais dos dois lados do Atlântico – ou seja, num conjunto de valores comuns, que se mantêm, embora desgastados, e que estiveram na base da ordem internacional em vigor depois da II Guerra que sobreviveu à Guerra Fria e que hoje se encontra em profunda crise. Neste último sentido, é possível dizer que o mundo começa a sentir bastante o recuo do Ocidente, com a emergência de grandes potências revisionistas dessa mesma ordem internacional, que não fazem parte da família das democracias liberais nem partilham os seus valores fundamentais.