Coronavírus: Bruxelas admite vir a controlar as fronteiras se a epidemia piorar

“Espero que os ministros da Saúde se concentrem na preparação, porque ainda estamos numa fase activa deste surto, pelo que os Estados-membros têm de estar preparados”, sublinhou o comissário europeu responsável pela Gestão de Crises.

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A maior parte dos infectados e das mortes por coronavírus foi registada na China LUSA/WALLACE WOON

A Comissão Europeia defendeu nesta quinta-feira a adopção de “medidas proporcionais” ao risco de propagação do novo coronavírus na União Europeia (UE). E admitiu a possibilidade de, se a situação piorar, poder ser considerado o controlo das fronteiras.

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A Comissão Europeia defendeu nesta quinta-feira a adopção de “medidas proporcionais” ao risco de propagação do novo coronavírus na União Europeia (UE). E admitiu a possibilidade de, se a situação piorar, poder ser considerado o controlo das fronteiras.

Falando aos jornalistas à entrada para reunião extraordinária de ministros da Saúde da UE sobre o novo surto, o comissário europeu responsável pela Gestão de Crises, Janez Lenarcic, referiu que o executivo comunitário vai incentivar a adopção de “medidas proporcionais” na União.

Questionado se tal poderá incluir controlos nas fronteiras da UE para evitar a propagação do Covid-19, o responsável respondeu: “Isso é algo que tem de ser discutido.” Ainda assim, vincou que “a UE tem de estar preparada, caso a situação fique pior”.

Para Janez Lenarcic, devem ser adoptadas, ao nível da União, medidas que “tenham em conta o risco, que ainda é baixo, mas [que] existe e pode aumentar”.

“Espero que os ministros da Saúde se concentrem na preparação, porque ainda estamos numa fase activa deste surto, pelo que os Estados-membros têm de estar preparados”, sublinhou.

Também falando à entrada para a reunião, a comissária europeia para a Saúde, Stella Kyriakides, vincou que este “é um momento importante para a UE na resposta à epidemia do coronavírus”.

“Apoiei, desde o início, a presidência do Conselho para promover este conselho extraordinário, porque o vírus não conhece fronteiras e, nesse sentido, a UE e os Estados-membros têm de trabalhar juntos de forma coordenada para enfrentar este desafio”, acrescentou a responsável.

Stella Kyriakides observou que, “embora o número de casos confirmados ainda seja relativamente baixo”, a UE deve “estar vigilante e coordenada”.

Dados do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças, consultados esta manhã pela Lusa, indicam que existem, neste momento, 35 casos confirmados na UE: 16 na Alemanha, 11 em França, três em Itália, dois em Espanha e um na Bélgica, na Finlândia e na Suécia. A estes acrescem, na Europa, oito casos no Reino Unido.

Bruxelas acolhe esta quinta-feira uma reunião extraordinária de ministros da Saúde da União Europeia, convocada de emergência pela presidência do Conselho, na qual os 27 discutirão o reforço da coordenação ao nível europeu para prevenir a propagação do novo coronavírus.

De acordo com a actual presidência semestral croata do Conselho da UE, neste encontro extraordinário “os ministros terão a oportunidade de trocar pontos de vista, confirmar uma compreensão comum da situação e discutir possíveis medidas complementares para melhorar a coordenação ao nível dos sistemas de preparação e de resposta com vista a proteger a saúde pública”.

A presidência do Conselho acrescenta que esta será também “uma oportunidade para considerar uma eventual resposta conjunta da UE a situações imprevistas em países terceiros que possam afectar o mercado europeu de produtos medicinais e dispositivos médicos”.

No final do encontro está prevista a adopção de conclusões pelos 27 sobre o surto do novo coronavírus, o Covid-19 — nome que lhe foi atribuído esta semana pela Organização Mundial de Saúde —, que teve origem na China e que já infectou 60 mil pessoas, na sua esmagadora maioria no continente chinês, provocando a morte a mais de 1300.