Um vírus eficaz no contágio mas menos mortal que a SARS

Primeiros estudos publicados sobre o vírus que surgiu na China mostram que muitas infecções ainda não estão a ser detectadas e que está longe de conter o surto.

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Criança usa uma máscara numa área comercial de Xangai, na China Reuters/ALY SONG
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Trabalhadores da estação de Xangai Norte verificam a temperatura de passageiros acabados de chegar à cidade chinesa Reuters/MARTIN POLLARD
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Passageira usa máscara dentro da Estação Ferroviária de Pequim, China EPA/WU HONG
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Passageiros usam máscaras dentro da Estação Ferroviária de Pequim, na China EPA/WU HONG
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Passageiros usam máscaras dentro da Estação Ferroviária de Pequim, na China EPA/WU HONG
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Passageiros usam máscaras dentro da Estação Ferroviária de Pequim, na China EPA/WU HONG
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Farmácia de Pequim, na China, com prateleiras vazias depois das máscaras respiratórias também esgotarem EPA/WU HONG
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Sinal dentro de uma farmácia avisa cidadãos para usarem máscara respiratória em Pequim, China EPA/WU HONG
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Passageiros usam máscaras dentro do aeroporto de Guangzhou, na província de Guangdong, China EPA/ALEX PLAVEVSKI
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Passageiros usam máscaras dentro da Estação Ferroviária de Hong Kong, na China Reuters/TYRONE SIU
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Trabalhador de saúde a caminho de uma vila em Hong Kong, China EPA/JEROME FAVRE
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Cidadão olha para os quatros do aeroporto de Wuhan, em Hubei, China, que mostram que vários voos foram cancelados Reuters/STRINGER
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Estação ferroviária de Hankou, em Wuhan, China EPA/YUAN ZHENG
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A Estação ferroviária de Hankou, em Wuhan, China, está temporariamente encerrada EPA/YUAN ZHENG
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Pessoal médico transporta uma pessoa que suspeitam ser portador do vírus em Hong Kong, China Reuters/Stringer .
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Médicos tratam de um paciente diagnosticado com pneumonia no Hospital de Zhongnan, em Wuhan, China Reuters/Stringer .
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Funcionário desinfecta carruagem em Seul, Coreia do Sul EPA/JEON HEON-KYUN
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Farmácias já sem stock de alguns produtos em Singapura EPA/NG SOR LUAN/THE STRAITS TIMES
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Cidadãos usam máscaras dentro de um hotel em Singapura depois de outro hóspede ter sido diagnosticado com a doença EPA/TIMOTHY DAVID/THE STRAITS TIMES
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Cidadãos fazem fila para receber suplementos de vitamina C e desinfectantes em Hong Kong, China EPA/JEROME FAVRE
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Testes de temperaturas em Xianning, cidade que faz fronteira com Wuhan, na China Reuters/MARTIN POLLARD
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Passageiros usam máscara dentro de um comboio que vai partir da Estação Ferroviária de Xangai, na China REUTERS
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Passageiros circulam num túnel subterrâneo do metro de Pequim, China REUTERS
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Pequim, China REUTERS
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Monitorização de temperaturas corporais no aeroporto Ninoy Aquino, nas Filipinas REUTERS
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Estação de metro de Xangai, China REUTERS
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Recomendações das autoridades de saúde sobre o novo coronavírus REUTERS
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Passageiros circulam na Estação de metro de Pequim, China REUTERS
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Pessoal médico é visto num hospital de Jinyintan, onde várias pessoas infectadas com o vírus estão a receber tratamento REUTERS
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Guarda usa máscara na Estação Ferroviária de Pequim, China REUTERS
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Cidadãos trabalham no local de construção do novo hospital em Wuhan, na província de Hubei, na China EPA/YUAN ZHENG
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Hospital deverá entrar em funcionamento a 3 de Fevereiro EPA/YUAN ZHENG
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Cidadãos trabalham no local de construção do novo hospital em Wuhan, na província de Hubei, na China EPA/YUAN ZHENG
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Cidadãos trabalham no local de construção do novo hospital em Wuhan, na província de Hubei, na China EPA/YUAN ZHENG
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Local de construção do novo hospital em Wuhan, na província de Hubei, na China EPA/YUAN ZHENG
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Local de construção do novo hospital em Wuhan, na província de Hubei, na China Reuters/STRINGER
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Hospital deverá entrar em funcionamento a 3 de Fevereiro Reuters/STRINGER

As primeiras análises ao novo tipo de coronavírus que está a levar a China a pôr várias cidades de quarentena, para tentar conter a infecção, estão a ser publicadas em revistas científicas e revelam um vírus semelhante ao do surto de SARS, em 2003, que surgiu em Guangdong, no Sul da China, embora menos agressivo, mas eficaz a passar de pessoa para pessoa. 

O Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças considerava “provável que chegasse à Europa, e os primeiros casos foram detectados em França esta sexta-feira, na zona de Paris e Bordéus.

Em estudos publicados na revista Lancet, com base em 41 pacientes em que a infecção foi confirmada por testes laboratoriais, foi confirmado que o vírus 2019-nCoV causa sintomas semelhantes à SARS (síndrome respiratória aguda grave, em português) e passa de pessoa a pessoa. Os autores sublinham que o número de pessoas estudadas é ainda muito reduzido para poder tirar conclusões definitivas.

“É difícil de compreender a taxa de mortalidade associada a este novo vírus de momento, porque estamos a detectar os casos mais graves, nas fases iniciais da epidemia, e não os mais moderados ou assintomáticos”, disse uma das chefes de equipa, Lili Ren, da Academia de Ciências Chinesa, citada pelo Guardian. Mas só 2% das pessoas infectadas morreu, disse o virologista Mark Stenglein, da Universidade do Colorado (EUA), à revista The Scientist. 

No entanto, apesar das semelhanças com a SARS, o quadro clínico causado por este vírus – que pertence a um grupo específico denominado coronavírus, que causa doenças em mamíferos e aves, e doenças respiratórias em seres humanos – aparenta já algumas diferenças. “Os sintomas não incluem o nariz a pingar, nem espirros nem a garganta inflamada ou problemas intestinais e diarreia, que afectavam 25% das pessoas que adoeceram com SARS”, explicou o autor principal deste artigo da Lancet, Bin Cao, do Hospital da Amizade China-Japão, citado também pelo jornal britânico. Mas as pessoas infectadas com o coronavírus actual sentem febre, tosse seca e falta de ar, tal como as que adoeceram com o vírus de 2003.

Uma questão crucial a apurar é quão contagioso é o vírus 2019-nCoV. Para isso, é preciso determinar a quantas pessoas, em média, cada um dos infectados transmite o vírus – um número conhecido como R0 em epidemiologia. Uma primeira análise feita por cientistas da Universidade de Lancaster (Reino Unido), posta online e que ainda não passou pelo processo de revisão pelos pares, aponta para que esse número seja de 3,8.

Se o número for superior a 1, a epidemia cresce; se for inferior, isso quer dizer que está na curva descendente. Segundo o documento de consenso da Organização Mundial de Saúde sobre a SARS, a infecção de 2003 chegou a atingir valores entre 2 e 4.

Com um R0 de 3,8, a equipa de Jonathan Read calcula que que 72% a 75% das transmissões virais têm de ser evitadas pelas medidas de controlo – como as impostas nas cidades em quarentena na China – para que os casos de infecção comecem a diminuir. “Estimamos que apenas 5,1% das infecções na cidade de Wuhan estejam identificadas, e que em 21 de Janeiro um total de 11.341 pessoas tivessem sido infectadas desde o início do ano”, escrevem.

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