Coronavírus: mais de 15 mil infectados e 254 mortos num dia

Autoridades chinesas passaram a reconhecer diagnósticos feitos nos hospitais a doentes com sintomas e através de TAC, o que fez disparar o número de casos confirmados.

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Quando os casos do novo coronavírus pareciam estar a abrandar no epicentro do surto, foram registados 14 mil novos casos nesta quinta-feira só na região de Hubei, onde fica a cidade de Wuhan. Este aumento, justificam as autoridades chinesas, pode estar relacionado com uma diferente forma de diagnóstico: como há poucos testes, os profissionais de saúde estão a contar para as estatísticas os casos diagnosticados através de tomografia computorizada aos pulmões. Ao todo são agora 60 mil casos de infecção confirmados e mais de 1360 mortes confirmadas só na China continental (254 destas mortes registadas nas últimas 24 horas, o dobro do registado no dia anterior).

Este é o maior aumento do número de mortes desde que o vírus, agora designado “Covid-19”, foi identificado no final de Dezembro. Mesmo sem as 135 mortes registadas através desta nova forma de diagnóstico, o número de mortes em Hubei na quarta-feira foi de 107, que continua a ser o número mais alto verificado. Antes desta subida, o maior número de mortes relacionadas com este coronavírus em 24 horas foi de 103, a 10 de Fevereiro. Nesta quinta-feira, foram registados 15.152 novos casos de infecção em toda a China (mais de 13 mil com a nova forma de diagnóstico), quando no dia anterior tinham sido 2015 novos casos.

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Até agora, os casos na província de Hubei só podiam ser confirmados como sendo Covid-19 quando havia confirmação por parte dos testes de ARN (ácido ribonucleico), que tem informação genética em que se pode identificar organismos como os vírus. Recorrendo-se a radiografias torácicas e a tomografias computadorizadas para detectar novos casos, os pacientes com sintomas poderão receber tratamento mais rapidamente e aumentar as suas probabilidades de recuperar, adiantou a Comissão de Saúde de Hubei. Esta nova forma de diagnóstico está a ser aplicada somente na região de Hubei.

Depois da subida vertiginosa do número de infectados, o Partido Comunista chinês substituiu detentores de cargos de topo no epicentro da epidemia por homens de confiança do Presidente. Esta “purga” é justificada pela actuação pouco célere e ineficaz das autoridades locais para conter a propagação do vírus.

A subida a pique revela a dificuldade em perceber a verdadeira dimensão do surto na China, sobretudo no epicentro da crise de saúde, onde há milhares de pessoas doentes que ainda não foram testados, como faz notar o jornal The New York Times. Ainda assim, há especialistas que alertam que as tomografias computadorizadas são um método imperfeito para diagnosticar este novo coronavírus, já que há outras doenças que podem resultar em pneumonia, visível neste exame.

Ainda que a maior parte dos casos esteja concentrada na China, têm sido identificados casos noutros países, incluindo na Europa (Alemanha, França, Itália, Espanha, Bélgica, Reino Unido, Finlândia e Suécia). No Japão, foi registada a primeira morte nesta quinta-feira. Em Portugal, houve casos suspeitos mas nenhum confirmado; os 20 cidadãos que foram repatriados de Wuhan (18 portugueses e duas brasileiras) não apresentam sintomas e deverão sair da quarentena voluntária este sábado

Para acompanhar a situação, a Organização Mundial de Saúde (OMS) enviou especialistas para a China e refere que uma primeira vacina poderá estar pronta em 18 meses. Por cá, os ministros da Saúde da União Europeia reunir-se-ão nesta quinta-feira em Bruxelas para discutir a evolução da nova estirpe de coronavírus. As 20 pessoas que chegaram a Portugal a 2 de Fevereiro vindas de Wuhan e que estão de quarentena voluntária sairão do hospital no sábado. A directora-geral de Saúde, Graça Freitas, adianta que os 20 cidadãos (18 portugueses e duas brasileiras) não apresentam quaisquer sintomas de infecção.

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