Porto vai ter trotinetas e bicicletas partilhadas a partir de Março

Circ, Hive e Bird podem pôr nas ruas 2100 veículos de uso partilhado, em pontos determinados pelo município. Serviço funcionará entre as 6h e as 22 horas.

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Susana Vera/Reuters

A Câmara do Porto admite que já a partir de Março os três operadores de bicicletas e trotinetas partilhadas que ganharam licenças para operar na cidade ponham nas ruas os primeiros veículos. Ao todo, os títulos de operação atribuídos por leilão, esta terça-feira, deverão levar à disponibilização, num conjunto pré-determinado de pontos na via pública, de um total de 2100 velocípedes ou equiparados, que serão eléctricos, essencialmente.

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A Câmara do Porto admite que já a partir de Março os três operadores de bicicletas e trotinetas partilhadas que ganharam licenças para operar na cidade ponham nas ruas os primeiros veículos. Ao todo, os títulos de operação atribuídos por leilão, esta terça-feira, deverão levar à disponibilização, num conjunto pré-determinado de pontos na via pública, de um total de 2100 velocípedes ou equiparados, que serão eléctricos, essencialmente.

Válidas para os próximos cinco anos, as licenças foram atribuídas pela autarquia, por 20 mil euros cada uma, à Bird (que já opera em Lisboa), à Hive (Lisboa e Braga) e à Circ, a única das três que já estava na área metropolitana do Porto (em Matosinhos e em Gaia), para além de Braga, Lisboa e Almada, e que por isso entra no Porto com a expectativa de testar o potencial de deslocações intermunicipais em trotinetas eléctricas, ou e-scooters.

O concurso do Porto, baseado num regulamento com bastantes condicionalismos, obriga os operadores a algumas adaptações. O serviço só está disponível entre as 6h e as 22h, obrigando à recolha de todos os veículos, por parte das empresas, e a Câmara do Porto estabeleceu já um conjunto de pontos de parqueamento para trotinetes e bicicletas, nos quais estes devem ser “preferencialmente” deixados pelos utilizadores. Os operadores vão ter de encontrar formas de incentivar este comportamento pois o regulamento prevê penalizações, a pagar pelo operador, caso as viaturas mal parqueadas estejam a interferir na mobilidade de automóveis ou peões e não sejam rapidamente recolhidas.

O Porto avançou para este concurso, descrito como “mais um importante passo na estratégia de promoção de meios de transporte não poluentes na cidade e, ao mesmo tempo, de melhoria da mobilidade”, mesmo sem ter alargado a infraestrutura ciclável no território da cidade. O regulamento para este tipo de serviços de aluguer de velocípedes indica as ciclovias como local preferencial para circulação deste tipo de veículos, mas a cidade não tem nada que se possa chamar, ainda uma “rede” de vias cicláveis. Ou seja, em grande parte do território, os utilizadores vão ter mesmo de seguir nas faixas para automóveis.

Essa tem sido, aliás, uma das críticas de entidades como a MUBI, ou de partidos, como o BE, que defendem a criação de condições para um aumento da quota de deslocações diárias em bicicleta, no Porto, e que recusam a ideia de que a orografia seja um entrave a uma disseminação da mobilidade em duas rodas. Seja porque não faltam, no Porto, circuitos entre pontos geradores de tráfego sem esse constrangimento do declive, notam, seja porque, com recurso a velocípedes com motor eléctrico, ou com outros meios mecânicos (ascensores e escadas rolantes como as que o município está a construir), mesmo nesses trajectos mais declivosos é possível abdicar do automóvel, concluem.

Um dos novos operadores que ganharam licenças para partilha de trotinetas no Porto admitiu, ao PÚBLICO, que a falta de ciclovias e mesmo a qualidade da infraestrutura já construída, que apresenta, nalguns casos, problemas não corrigidos, como acontece, por exemplo, na Avenida da Boavista, pode condicionar a evolução deste negócio da “micro-mobilidade”. Que vai fazendo caminho em muitas cidades por esse mundo fora mas que ganha mais espaço nas zonas urbanas onde utilizadores de bicicletas ou de trotinetes não têm de partilhar a estrada com automobilistas pouco pacientes com as velocidades mais reduzidas a que circulam.

Numa assembleia municipal recente dedicada às questões da Mobilidade, o próprio Rui Moreira assumiu ser algo céptico em relação ao potencial da mobilidade ciclável na cidade. O actual executivo tem apontado a melhoria das condições para os peões como prioridade, mas no ano passado, em Junho, o director municipal da Mobilidade e Transportes, Manuel Paulo Teixeira, adiantava ao PÚBLICO que a autarquia tinha já um plano de intervenções em várias zonas do Porto, a realizar ainda em 2019 e 2020, com o intuito de criar a tal rede de ciclovias.

O PUBLICO pediu ao gabinete de comunicação do município um ponto de situação sobre este plano, que não chegou a ser apresentado, mas ainda não obteve resposta. Houve, desde a ano passado, algumas obras – a mais significativa das quais na marginal Atlântica – mas desconhece-se, ainda, se, e quando, avançam outras intervenções.