Informações sobre exame estavam acessíveis a 54 pessoas, alega defesa de Edviges Ferreira

O julgamento da ex-presidente da Associação de Professores de Português, Edviges Ferreira, começou nesta quinta-feira em Lisboa.

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As informações atribuídas à professora bateram certo com o conteúdo do exame de Português Daniel Rocha

O julgamento da  ex-presidente da Associação de Professores de Português, Edviges Ferreira, acusada de revelar informações sobre o exame nacional da disciplina do 12.º ano começou nesta quinta-feira em Lisboa, com a defesa a lembrar que “o alegado segredo violado estava acessível a 54 pessoas”.

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O julgamento da  ex-presidente da Associação de Professores de Português, Edviges Ferreira, acusada de revelar informações sobre o exame nacional da disciplina do 12.º ano começou nesta quinta-feira em Lisboa, com a defesa a lembrar que “o alegado segredo violado estava acessível a 54 pessoas”.

O caso remonta ao ano lectivo de 2016/2017. Edviges Ferreira, em representação da APP. era uma das auditoras das provas de exame. Nesse âmbito teve acesso ao enunciado e, segundo a acusação, praticou “um crime de violação de segredo por funcionário e de um crime de abuso de poder”.

O alegado crime foi descoberto porque uma amiga de uma das alunas a que dava explicações gravou um áudio dando informações sobre a prova e esse áudio circulou nas redes sociais dias antes do exame, marcado para 17 de Junho. Que se revelaram acertadas quando o enunciado da prova foi entregue aos alunos.

Nesta quinta-feira, o advogado da professora, Alexandre Mota Pinto, defendeu em tribunal que Edviges Ferreira “não praticou os crimes” de que é acusada, “não tendo nunca violado os deveres de confidencialidade”.

Durante a sessão no tribunal de Lisboa, o advogado garantiu ainda que a professora nunca “comunicou o conteúdo do exame à sua educanda”, “não sendo a fonte da mensagem” que circulou nas redes sociais.

Alexandre Mota Pinto lembrou ainda que “houve 54 pessoas que tiveram acesso ao exame”, ou seja, “o alegado segredo violado estava acessível a 54 pessoas”.

A defesa criticou ainda o facto de o processo ter sido investigado pela Inspecção-Geral de Educação e Ciência (IGEC) e não pelo Ministério Publico, acusando a inspecção de se preocupar apenas em “reunir provas contra” Edviges Ferreira” e de a jovem que divulgou a mensagem “sido altamente pressionada” pelos inspectores.

Alexandre Mota Pinto lembrou ainda os 40 anos de serviço “com a folha limpa” da professora que “é acarinhada pelos encarregados de educação”.

Edviges Ferreira, que no âmbito de um processo disciplinar, ficou  impedida de dar aulas em escolas públicas, foi a primeira pessoa a ser ouvida nesta quinta-feira, tendo negado as acusações. Actualmente dá aulas numa escola profissional. Em sua defesa disse que os 40 anos de serviço lhe permite saber que “não saem matérias em exames que saíram no ano anterior”.

Durante o dia foram ouvidas várias testemunhas tendo a próxima sessão de julgamento ficado marcada para dia 6 de Fevereiro.