Cláudia Simões reage a agressão de motorista da Vimeca: “Nem eu nem a minha família temos nada a ver com isto”

A mulher que acusa polícia de a agredir depois de incidente com motorista de autocarro por causa do passe da filha afirma que nem ela nem família “têm nada a ver com o que se passou”. Motorista agredido na sexta-feira ainda estava hospitalizado esta manhã. A Vimeca, contactada insistentemente pelo PÚBLICO desde terça-feira, ainda não comentou, nem mesmo depois do incidente com o seu motorista.

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A Vimeca, contactada insistentemente pelo PÚBLICO desde terça-feira, ainda não comentou PEDRO CUNHA

Cláudia Simões diz que se sente “chocada “com o facto de quererem atribuir a agressão ao motorista da Vimeca na sexta-feira a um episódio de represália”. E afirma: “Quero deixar claro que nem eu, nem a minha família tem nada a ver com o que se passou ontem com o motorista, tal como a PSP sabe.” Referindo que não consegue sequer “lembrar-se da cara” da pessoa que ia a conduzir o autocarro, acrescenta: “Sinto-me perseguida com tudo isto. Gostava que todos soubessem que não tive nenhum problema com este senhor. O meu problema é com o agente Carlos Canha que me agrediu e com os agentes que assistiram.”

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Cláudia Simões diz que se sente “chocada “com o facto de quererem atribuir a agressão ao motorista da Vimeca na sexta-feira a um episódio de represália”. E afirma: “Quero deixar claro que nem eu, nem a minha família tem nada a ver com o que se passou ontem com o motorista, tal como a PSP sabe.” Referindo que não consegue sequer “lembrar-se da cara” da pessoa que ia a conduzir o autocarro, acrescenta: “Sinto-me perseguida com tudo isto. Gostava que todos soubessem que não tive nenhum problema com este senhor. O meu problema é com o agente Carlos Canha que me agrediu e com os agentes que assistiram.”

Segundo disse ao PÚBLICO o porta-voz da Direcção Nacional da PSP, Nuno Carocha, o motorista foi agredido na sexta-feira à noite quando estava a fazer uma pausa, pelas 21h20, na paragem terminal do autocarro e foi surpreendido por alguém que o agrediu — a PSP não especifica se foi uma ou mais pessoas. Disse que não houve recurso a armas brancas nem de fogo, tratou-se de violência física. Questionado sobre se trataria de retaliação, o porta-voz afirmou: “Não temos nenhuma indicação que aponte para esse cenário mas estamos a investigar”, e não adiantou mais informação. Disse que estão empenhados em perceber o que realmente aconteceu e que já foram referenciadas algumas pessoas.

A Vimeca, contactada insistentemente pelo PÚBLICO desde terça-feira, ainda não comentou, nem mesmo depois do incidente com o seu motorista ontem à noite.

O caso de Cláudia Simões e o agente Carlos Canha está a ser investigado, a pedido do Ministério da Administração Interna, pela Inspecção-Geral da Administração Interna (IGAI). A IGAI, paralelamente, abriu um processo administrativo ao Sindicato Unificado da Polícia de Segurança Pública por causa de um post que aquela organização publicou no Facebook em defesa do agente acusado de agredir Cláudia Simões, em que se insinuava que a vítima teria doenças. Esse post já foi retirado.

O processo judicial está em segredo de justiça e Cláudia Simões foi ouvida na terça-feira pelo Ministério Público da Amadora. A advogada de Cláudia Simões pediu a incorporação neste processo do outro em que é queixosa e aguarda para saber se o polícia será constituído arguido. 

Cláudia Simões acusou um polícia de a ter agredido no domingo – primeiro na rua, onde a operação de a manietar foi filmada com o agente Carlos Canha em cima dela, e depois no caminho para a esquadra, onde acusa o agente de a espancar. A PSP nesse dia foi chamada à esquadra da Mina d'Água com o alerta de que tinha sido uma queda, revelou Mário Conde, comandante dos bombeiros. Dias depois ainda estava com a cara deformada e lábios com escoriações. É arguida e ficou com termo de identidade e residência porque a PSP, por seu lado, afirmou que a cidadã “se mostrou agressiva” e “mordeu o agente”.

Tudo se iniciou no autocarro 163, da Vimeca, que faz o percurso Colégio Militar-Massamá. A filha de 8 anos esquecera-se do passe e Cláudia disse ao motorista que o filho estaria na paragem de saída com o documento (os passes de ambas estão em dia, mostraram ao PÚBLICO, mas, de qualquer forma, até aos 12 anos as crianças não pagam, apenas precisam de ter o documento). Sentaram-se e tudo decorreu normalmente, até que entrou uma senhora brasileira com a neta de quatro anos e o motorista forçou-as a sair por a menina não ter passe. Gerson Calveto, o sobrinho que assistiu a tudo, disse ao PÚBLICO que de seguida o motorista começou a gritar: “‘Isso é na tua terra, vocês estão aqui a dar cabo do nosso país’. E começou a gritar nomes: ‘Seus pretos, andam a estragar o nosso país, pensam que isso é só chegar e andar sem passe’.”

Na edição deste sábado o Expresso cita o relatório médico das urgências do Hospital Amadora-Sintra no dia da ocorrência, que ainda não foi entregue à advogada de Cláudia Simões, onde se escreveu: “Traumatismo cranioencefálico frontal e trauma facial com edema exacerbado generalizado, edema dos lábios com feridas dispersas, trauma da pirâmide nasal (...). Apresenta face deformada por hematomas extensos em toda a face, principalmente na região frontal à esquerda, ferida traumática no lábio inferior e superior com pequena hemorragia activa”. Com Ana Cristina Pereira