A 29 de Novembro há nova Greve Climática Estudantil — para inaugurar a “época de ouro do activismo”

Movimento português junta-se ao apelo internacional e convoca nova Greve Climática Estudantil a nível nacional para 29 de Novembro. Será, provavelmente, a última greve antes da década da “época de ouro do activismo” — e, quem sabe, ainda pode ter a presença de Greta Thunberg.

Foto
Daniel Rocha

Está convocada: sexta-feira, dia 29 de Novembro, há uma nova Greve Climática Estudantil a nível nacional, respondendo ao apelo internacional do movimento Fridays For Future (FFF). Para já, o protesto está marcado para Lisboa (arranca às 10h, do Largo de Camões até à Assembleia da República), Porto, Coimbra, Faro e Açores (com informações ainda a divulgar).

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Está convocada: sexta-feira, dia 29 de Novembro, há uma nova Greve Climática Estudantil a nível nacional, respondendo ao apelo internacional do movimento Fridays For Future (FFF). Para já, o protesto está marcado para Lisboa (arranca às 10h, do Largo de Camões até à Assembleia da República), Porto, Coimbra, Faro e Açores (com informações ainda a divulgar).

As reivindicações do movimento português “mantêm-se”, conta ao P3 Alice Gato, da organização: “Apesar de já ter sido anunciado que as centrais termoeléctricas de Pego e de Sines iriam encerrar, está-se a apostar no gás natural e não se está a pensar numa requalificação justa destes trabalhadores em empregos para o clima.” Além disso, há “lutas nacionais” que continuam em cima da mesa, ressalvam os grevistas em comunicado enviado à redacção: “(...) Pretendemos também denunciar a falta de compromisso político de um governo que, ao mesmo tempo que considera a nossa luta ‘a mais nobre das causas’, aprova projectos que põem em risco o futuro do nosso planeta, tais como a construção do aeroporto do Montijo e a expansão do da Portela; as dragagens no rio Sado; e a exploração de lítio e de gás ‘natural’ um pouco por todo o país.”

O dia escolhido coincide com a Black Friday, “símbolo da produção desmesurada à escala global”, e sobretudo iria assinalar o arranque da Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP25) no Chile, que mudou de local e de data devido aos protestos que têm abalado o país. Está agora marcada para Madrid, de 2 a 13 de Dezembro, e tem como um dos principais propósitos determinar como serão executados os objectivos que foram adoptados em 2015 no Acordo Climático de Paris. Em reacção à “ineficácia” destes encontros, nomeadamente no que toca a “limitar o aquecimento global até 2ºC”, o movimento FFF já anunciou que vai convocar uma contra-cimeira na capital espanhola a 6 de Dezembro.

A caminho da COP25 está Greta Thunberg, que, depois se ter atravessado o Atlântico de barco há uns meses em direcção aos EUA, teve de apanhar uma nova boleia para regressar à Europa — neste momento, como anunciou no Instagram, está a dirigir-se para os Açores a bordo do La Vagabonde. A activista foi convidada pelo movimento português para se juntar à paralisação, bem como pela Assembleia da República para discursar, mas até ao momento ainda não há confirmação oficial de que irá parar em Portugal. A acontecer esse encontro, os grevistas portugueses querem mostrar-lhe que também fazem “boas greves” e ponderam acompanhá-la até à COP em Madrid, diz Alice Gato. Haverá também “flexibilidade” para, se necessário, alterar a data da greve, para contar com a presença da jovem sueca.

Fazendo um balanço das três greves anteriores (15 de Março, 24 de Maio e 27 de Setembro), Alice Gato sublinha que a organização, para além de estar a “estreitar” cada vez mais os “laços” com os movimentos internacionais, sente por cá “uma força muito maior das pessoas que têm saído à rua”, pois os protestos já ultrapassam a esfera dos estudantes e dos jovens – como na greve geral, de Setembro. “Esta será [uma greve] mais estudantil, mas esperamos que pessoas que ainda não saíram tenham oportunidade para o fazer.” Até porque, diz a jovem, esta será provavelmente a última greve do ano e a “última desta década, que vai inaugurar a época de ouro do activismo”. “Porque só temos até 2030.” Para cortar 50% das emissões de gases com efeito de estufa e alcançar a neutralidade de carbono em Portugal. E, quem sabe, mudar o mundo.