Dores nas articulações? A humidade e vento não ajudam

Não é uma questão de estar frio ou calor, mas de humidade e vento. Recorrendo a uma aplicação de smartphone, os investigadores conseguiram estabelecer uma causalidade entre condições meteorológicas e o aumento de dores nas articulações.

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"O aumento na humidade relativa foi associado a uma maior probabilidade de um episódio de dor" Saneej Kallingal/Unsplash

A crença de que as condições meteorológicas influenciam o nível de dores é antiga. O professor Will Dixon, do Centro de Epidemologia da Versus Arthritis, na Universidade de Manchester, que geriu o estudo em causa, refere que “julga-se que a meteorologia afecte doentes com artrite desde Hipócrates (460 a.C.- 377 a.C), que, em Ares, Águas e Lugares, escreveu que para entender a medicina bastaria estar atento às mudanças das estações do ano. Porém, até agora, as investigações neste campo têm sido insuficientes – algo que mudou com o recurso a uma aplicação para smartphones.

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A crença de que as condições meteorológicas influenciam o nível de dores é antiga. O professor Will Dixon, do Centro de Epidemologia da Versus Arthritis, na Universidade de Manchester, que geriu o estudo em causa, refere que “julga-se que a meteorologia afecte doentes com artrite desde Hipócrates (460 a.C.- 377 a.C), que, em Ares, Águas e Lugares, escreveu que para entender a medicina bastaria estar atento às mudanças das estações do ano. Porém, até agora, as investigações neste campo têm sido insuficientes – algo que mudou com o recurso a uma aplicação para smartphones.

A investigação, que analisou os dados de 2568 doentes durante um período até 15 meses, foi possível pôr, ao mesmo tempo que cada paciente inseria um registo quanto ao seu nível de dor, o aparelho a registar com precisão as condições meteorológicas da localização do mesmo.

Segundo explicou Stephen Simpson, director da associação britânica Versus Arthritis, que financiou o estudo, até agora, a ideia de que o tempo afectaria a artrite era somente resultado dos testemunhos dos doentes. Mas, com esta utilização dos smartphones, foi possível fazer um estudo completo sobre o fenómeno: “Essa foi uma maneira inovadora de fazer uma pesquisa e é muito importante que possamos tirar algumas conclusões”, sublinhou.

Nas conclusões do estudo, lê-se que “o aumento na humidade relativa foi associado a uma maior probabilidade de um episódio de dor”, da mesma forma que a velocidade do vento foi relacionada com o aumento de dores. A mesma investigação observou que “a temperatura não teve uma associação significativa com [o surgimento de episódios de] dor”, facto também verificado com a precipitação.

Para o professor Dixon estas conclusões, que relacionam a humidade com um aumento de dores em pessoas que sofrem de artrite ou de fibromialgia, “abrem a porta a novos tratamentos”, sendo ainda possível desenvolver uma espécie de sistema de previsão de dor que ajude as pessoas a planear as suas vidas.

De acordo com as informações publicadas na revista Nature, o download da aplicação foi feito por 13.207 utilizadores, oriundos de todo o Reino Unido, sendo que, destes, 10.584 registaram informações completas. Para as conclusões foram tidas em conta as informações de 2658 participantes: 1235 contribuíram com um mês e os 1423 restantes contribuíram com dois a 15 meses de registos diários.