André Amálio enfrenta o fantasma do colonialismo

Após uma trilogia em que o seu teatro documental se ocupou de combater a narrativa oficial dos livros de História em relação ao Estado Novo, André Amálio estreia na Culturgest, de 26 a 28 de Setembro, um mergulho n’Os Filhos do Colonialismo.

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Vera Marmelo

O percurso teatral de André Amálio começou na escola. Mais propriamente numa memória da escola, associada a um fortíssimo sentimento de traição. Com a passagem dos anos e a chegada de uma maior maturidade sociopolítica, as aulas de História de Portugal asseguradas pelo sistema de ensino público começaram a parecer-lhe cada vez mais intoleráveis. “Foi esta coisa de sermos enganados pela nossa História e pelo nosso país que me fez espoletar todo este processo e este trabalho”, diz, referindo-se à obra da companhia Hotel Europa que, desde o primeiro momento, se dedica a desenterrar histórias relativas ao período do Estado Novo e do colonialismo português – trazendo os podres à superfície e não acatando a narrativa do grande povo dos Descobrimentos que, em simultâneo, varre a opressão, a escravatura e a Guerra Colonial para debaixo do tapete e para longe da memória colectiva. “Fui enganado pelo meu professor de História”, acusa. “E não me calo porque descobri que fui enganado.”