Quando a excepção se torna regra

Não há evidência de que a vaga populista esteja já em recuo, depois de ter atingido o seu pico, como muita gente gosta de acreditar. Nem há soluções fáceis ou cómodas para enfrentar o problema

1. Há três anos, dois acontecimentos próximos no tempo abalaram subitamente as águas ainda relativamente tranquilas das velhas e ricas democracias ocidentais, precisamente nas duas que moldaram, em boa medida, o seu destino: no Reino Unido e nos Estados Unidos. Deste lado do Atlântico, o resultado de um referendo que o líder conservador britânico David Cameron teve a ideia de convocar para calar de uma vez a ala radical antieuropeia do seu partido, teve o resultado que ninguém considerava possível. Os britânicos votaram maioritariamente (52% para 48%) pelo abandono da União Europeia. O resultado apanhou de surpresa as elites políticas britânicas e europeias, derrubou Cameron, levou Theresa May a substitui-lo, prometendo cumprir a vontade dos eleitores – “Brexit is Brexit”. Foi justamente porque não conseguiu cumprir a sua promessa, depois de dois anos de intensas negociações em Bruxelas para chegar a um acordo de saída, que May acabou como o seu antecessor: derrubada pelo “Brexit”, quando o Parlamento britânico chumbou três vezes consecutivas o acordo de saída. Finalmente, em Junho passado, o homem que liderou o “Leave” no referendo, chegou onde queria: ao número 10 de Downing Street. A sua aposta contra Cameron em 2016 tinha finalmente sido compensada. Bastava-lhe cavalgar a onda pela libertação das grilhetas de Bruxelas, galvanizar o país e cumprir a sua até agora única promessa: tirar o Reino Unido da União Europeia no dia 31 de Outubro.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

1. Há três anos, dois acontecimentos próximos no tempo abalaram subitamente as águas ainda relativamente tranquilas das velhas e ricas democracias ocidentais, precisamente nas duas que moldaram, em boa medida, o seu destino: no Reino Unido e nos Estados Unidos. Deste lado do Atlântico, o resultado de um referendo que o líder conservador britânico David Cameron teve a ideia de convocar para calar de uma vez a ala radical antieuropeia do seu partido, teve o resultado que ninguém considerava possível. Os britânicos votaram maioritariamente (52% para 48%) pelo abandono da União Europeia. O resultado apanhou de surpresa as elites políticas britânicas e europeias, derrubou Cameron, levou Theresa May a substitui-lo, prometendo cumprir a vontade dos eleitores – “Brexit is Brexit”. Foi justamente porque não conseguiu cumprir a sua promessa, depois de dois anos de intensas negociações em Bruxelas para chegar a um acordo de saída, que May acabou como o seu antecessor: derrubada pelo “Brexit”, quando o Parlamento britânico chumbou três vezes consecutivas o acordo de saída. Finalmente, em Junho passado, o homem que liderou o “Leave” no referendo, chegou onde queria: ao número 10 de Downing Street. A sua aposta contra Cameron em 2016 tinha finalmente sido compensada. Bastava-lhe cavalgar a onda pela libertação das grilhetas de Bruxelas, galvanizar o país e cumprir a sua até agora única promessa: tirar o Reino Unido da União Europeia no dia 31 de Outubro.