Joe Berardo, o homem que não tem dívidas

Aquilo que na sexta-feira se passou no Parlamento, durante a audição de Berardo na comissão de inquérito à CGD, é verdadeiramente grave.

O facto de Joe Berardo ser disléxico, pouco articulado e ter a seu lado um advogado a papaguear-lhe as respostas ajuda a compor a figura de um senhor patusco e meio atoleimado, muito propício a sketches humorísticos. Mas aquilo que na sexta-feira se passou no Parlamento, durante a audição de Berardo na comissão de inquérito à CGD, é verdadeiramente grave, e não apenas por o comendador ter passado cinco horas a gozar com a nossa cara e com a cara dos deputados que o inquiriam — é grave, sobretudo, por demonstrar as barbaridades que foram cometidas à época por bancos e investidores, e as barbaridades que continuam a ser cometidas hoje em dia por o sistema permitir a Joe Berardo viver à grande e à francesa, apesar de dívidas de quase mil milhões de euros. Como o próprio disse, numa frase que merece ficar para a História dos anos 2005-2011: “Eu, pessoalmente, não tenho dívidas.” Aliás —​ acrescentou ele —, até “tenho tentado ajudar [os bancos]”.

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O facto de Joe Berardo ser disléxico, pouco articulado e ter a seu lado um advogado a papaguear-lhe as respostas ajuda a compor a figura de um senhor patusco e meio atoleimado, muito propício a sketches humorísticos. Mas aquilo que na sexta-feira se passou no Parlamento, durante a audição de Berardo na comissão de inquérito à CGD, é verdadeiramente grave, e não apenas por o comendador ter passado cinco horas a gozar com a nossa cara e com a cara dos deputados que o inquiriam — é grave, sobretudo, por demonstrar as barbaridades que foram cometidas à época por bancos e investidores, e as barbaridades que continuam a ser cometidas hoje em dia por o sistema permitir a Joe Berardo viver à grande e à francesa, apesar de dívidas de quase mil milhões de euros. Como o próprio disse, numa frase que merece ficar para a História dos anos 2005-2011: “Eu, pessoalmente, não tenho dívidas.” Aliás —​ acrescentou ele —, até “tenho tentado ajudar [os bancos]”.