Escolher o melhor do mundo em Portugal

A qualidade dos produtos e serviços nacionais está ao nível do melhor que se faz no mundo. Isso já se sabe. E é razão mais que suficiente para escolhê-la todos os dias, porque “Portugal somos todos”.

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Lionel Balteiro
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De cada vez que escolhemos um produto ou um serviço nacional estamos a ajudar a economia do nosso país. Esta é uma verdade incontestável. E se a esse efeito de “empurrão económico” juntarmos a qualidade inequívoca do que é feito entre nós, então temos o melhor de dois mundos. É, pois, nesta premissa que assenta o programa “Portugal Sou Eu”, uma iniciativa destinada a incentivar o consumo consciente do que é produzido no nosso país, envolvendo empresas e estabelecimentos de todos os sectores. E sensibilizando o consumidor, na hora de fazer escolhas, para o selo “Portugal Sou Eu” - que tanto pode aparecer em embalagens como em portas de lojas aderentes.

Mas como é que se orquestra uma campanha desta dimensão, envolvendo sectores económicos diversos, empresas de dimensões diferentes e interesses distintos? Paulo Nunes de Almeida, presidente da Associação Empresarial de Portugal (AEP), responde sem hesitar e simplificando o que pode parecer complexo: “No fundo, é valorizar aquilo que sabemos fazer bem em Portugal, quer a nível de produtos quer a nível de serviços.”

Mas não se pense que este programa - que teve início com uma resolução do Conselho de Ministros em 2011 e dá continuação a uma iniciativa anterior da AEP designada “Compro o que é nosso” - assenta num patriotismo proteccionista. Nada disso. Paulo Nunes de Almeida chama a atenção para o facto: “Eu digo que nós não compramos produtos nacionais apenas por uma questão patriótica, porque hoje o consumidor é muito esclarecido e há uma oferta muito grande e diversificada. O que eu digo é que encontro hoje em Portugal, na maioria dos sectores, produtos com uma qualidade total que não é inferior àquilo que se produz nos outros países.” Aliás, o responsável acredita que a percepção desta realidade é precisamente “a grande mudança cultural” que se registou no nosso país nos últimos tempos, «e para a qual o “Portugal Sou Eu” muito contribuiu».

Milhares de produtos com selo

Neste momento, o programa abarca já perto de 3 400 empresas aderentes - o que representa cerca de 10 mil produtos e serviços - a que se juntam mais de mil estabelecimentos aderentes, entre retalho e restauração. “Temos um nível já bastante forte de contacto com o mercado”, sublinha Paulo Nunes de Almeida, segundo o qual “é feito um trabalho muito forte de sensibilização pelo lado da oferta das empresas portuguesas e também junto dos consumidores”. Em relação a estes últimos, destaca a importância de poderem identificar um produto ou um serviço “que gera valor acrescentado em Portugal e que portanto contribui também para o crescimento da economia, para a redução do desemprego e para termos empresas cada vez mais competitivas”.

Para este nível de concretização, muito contribuem os parceiros da iniciativa, uma vez que além da AEP estão alinhadas outras entidades, como a Agência para a Competitividade e Inovação (IAPMEI), a Associação Industrial Portuguesa (AIP), a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), a Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP), a Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP) e ainda a Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição (APED).

A abrangência de organismos é importante, tendo em conta que um dos objectivos da iniciativa passa por tocar as várias áreas da economia nacional. A este propósito, o responsável aponta o que considera como “características inovadoras”, referindo-se à dispersão sectorial que o programa persegue e ainda ao crescente foco na sustentabilidade ambiental.

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Aumento de vendas e notoriedade

Mas quais são os benefícios das empresas que decidem aderir ao “Portugal Sou Eu”? Baseado em estudos de impacto realizados – e disponíveis no site do programa - Paulo Nunes de Almeida afirma que «o nível de notoriedade e de visibilidade do logo “Portugal Sou Eu” é superior a 75%”. Além disso, “mais de 80% das empresas reconhecem já que os efeitos nas suas vendas são muito grandes”.

Isto mesmo é reforçado por Sérgio Vieira, director-geral da Ecobrasa, empresa que comercializa carvão vegetal e uma das aderentes do programa: «O nosso crescimento em 2018 foi de 40% e, no caso das exportações, duplicámos. Acreditamos que muito advém desta nossa projecção, por podermos rotular as nossas embalagens com o selo “Portugal Sou Eu”.»

Tendo aderido à iniciativa em 2017, Sérgio Vieira justifica a decisão com o interesse de “fazer parte de um colectivo de empresas que se distinguem por acrescentar valor à produção nacional”. Embora o core business do seu negócio seja o comércio de carvão tradicional, é na produção de biocarvão que tem vindo a apostar, tendo iniciado o processo de fabrico de carvão sustentável, utilizando madeiras infestantes e um processo de fabrico ecológico. A decisão valeu-lhe, já este ano, o prémio Escolha do Consumidor e Escolha Profissional, o que reforça as opções estratégicas que tem vindo a tomar, nomeadamente a adesão à iniciativa governamental.

Consumo nacional como herança de família

Embora oriundo de uma área de negócio totalmente diferente, também André Moreira, gerente da gráfica Marsil, destaca as mesmas vantagens de integrar o programa: «A rede de contactos que nos foi concedida com a participação no programa “Portugal Sou Eu” permitiu-nos angariar novos clientes noutros sectores de actividade que estavam pouco explorados pela Marsil, como por exemplo o sector da embalagem.» Isto é particularmente notório, explica, numa altura em que as embalagens de plástico estão a ser progressivamente substituídas pelo papel.

Ao juntar-se em 2017 ao programa, a intenção de quem desenha a estratégia da Marsil era clara: “Conquistar novos mercados e fazer valorizar a nossa filosofia de consumir o produto nacional.” É que a empresa conta com 66 anos de existência – vai agora na terceira geração – e “já a nível familiar há esta tendência de consumir o produto nacional e evitar o consumismo ao máximo”, refere André Moreira, cujos pais preferem – como sempre preferiram – fazer compras em mercearias, tanto para consumo doméstico como para a própria empresa.

Assumindo-se como uma gráfica que aposta fortemente no apoio ao cliente, a Marsil tem vindo também a enveredar pela produção ecológica, usando tintas de base vegetal e abandonando alguns consumíveis mais tóxicos, pois acredita que “no futuro isso será valorizado”.

É, pois, com os olhos postos no futuro, mas também na preservação de um passado feito de tradições - e ainda com um pé bem fincado num presente inovador - que o programa “Portugal Sou Eu” se alicerça e cresce. E potencia o seu próprio “efeito macroeconómico”, que “acaba por se traduzir no crescimento do PIB e também na criação de emprego”, remata Paulo Nunes de Almeida. Isto porque, “Portugal sou eu e Portugal somos todos nós”, diz.

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