Hostile Planet: a sobrevivência levada ao extremo na TV

Nos locais mais inóspitos de um planeta que muda mais rapidamente do que nunca o desafio é simples: adaptar ou morrer.

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Nunca foi tão difícil sobreviver como agora. Nos últimos 40 anos, o planeta Terra tornou-se bem mais hostil para a vida selvagem: o mundo sofreu tantas alterações nas últimas décadas, e tão abruptas, que, segundo o universo científico, é preciso recuar 65 milhões de anos para encontrar um período tão pautado por mudanças.

Os dados mais recentes são desoladores e confirmam as piores suspeitas. O último estudo do Fundo Mundial para a Natureza (WWF) e da Sociedade Zoológica de Londres, publicado em 2018, alerta para a urgência de melhorar comportamentos e recorda que, entre 1970 e 2014, se perdeu mais de metade da população animal selvagem. A influência humana, sobretudo no que diz respeito às alterações climáticas, tem levado à destruição e hostilização de habitats: um obstáculo que, para muitos, se revela intransponível.

O planeta está a mudar e isso acontece a um ritmo veloz. Para a vida selvagem presente nos locais mais duros, a sobrevivência só é uma possibilidade se forem capazes de se adaptar, também rapidamente, às dificuldades trazidas pelas alterações constantes. É uma vida feita de extremos – do frio ao calor insuportável, do clima húmido ao seco –, onde até a alimentação se pode revelar um desafio potencialmente mortal. Veja-se o caso dos pintos do Árctico recém-nascidos, que, ainda incapazes de voar, se mandam de precipícios em busca da próxima refeição – uns morrem após embates violentos na rocha, outros são colhidos por predadores. Metade deles não sobrevive sequer ao primeiro mês de vida. Este é um dos relatos que vai encontrar em “Hostile Planet”, a nova série do canal National Geographic, composta por seis episódios e com estreia marcada para dia 28 de Abril, às 21h40.

Ver para crer: o impacto das alterações climáticas

Bear Grylls, o narrador de “Hostile Planet”, é um nome incontornável para os apaixonados pela adrenalina. O britânico, ex-militar, tem sido presença assídua na televisão desde 2005, sendo conhecido por desafiar os picos mais elevados do mundo e sobreviver às condições mais inóspitas. Na nova série do National Geographic, Bear Grylls dá voz a outros sobreviventes, os animais selvagens – que, ao contrário dele, o são por necessidade e não por gosto –, e contribui para mostrar os “crimes” mais implacáveis das alterações climáticas. Num universo de presas e predadores, o clima é mesmo quem mais ordena.

As imagens da série “Hostile Planet” são verdadeiramente acutilantes. Estão presentes todos os ingredientes que caracterizam este género televisivo, com panoramas de grande beleza e recantos incríveis que, de outra forma, seriam inacessíveis, mas também são oferecidas novas perspectivas (e escalas) ao espectador. A série usa a tecnologia avançada ao dispor para colocar a audiência no epicentro da acção, bem próxima dos animais e da sua luta. Mas esta não é pura e simplesmente uma acção onde o predador, a alta velocidade, abocanha a presa indefesa. Ou a deslocação ordeira de animais da mesma espécie proporciona um registo surpreendentemente belo. São momentos de inesperada exigência e ferocidade, onde o tempo e espaço para sobreviver se revelam, por diversas vezes, demasiado curtos.

Também na equipa de produção encontramos profissionais cuja experiência fala por si. A série “Hostile Planet” é produzida por Guillermo Navarro, vencedor do Óscar de Melhor Fotografia por “O Labirinto do Fauno”, Tom Hugh-Jones, premiado com um Emmy por “Planet Earth II”, e Martha Holmes, nomeada aos Emmys com “Life” e produtora do premiado “The Blue Planet.

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Sensibilizar para mudar hábitos e mentalidades

A esta altura, já se tornou claro que “Hostile Planet” não é apenas uma série sobre a Natureza. Vai muito para além disso, e quer levar o espectador também mais longe. Esta perspectiva renovada, com o espectador colocado ao nível dos animais selvagens que fintam a morte e encaram obstáculos impressionantes, resulta numa experiência que tem tanto de incrível como de marcante. As alterações climáticas são uma realidade e “Hostile Planet” afirma-se como uma testemunha dos seus resultados mais catastróficos na vida selvagem. Inquietante e reveladora, a série procura sensibilizar a audiência como nunca antes para os efeitos devastadores da acção humana e inconsciente.

Mas, afinal, de que fala “Hostile Planet”? Cada episódio tem como palco um habitat diferente, sendo que o elo comum está no facto dos animais selvagens terem de enfrentar, em todos eles, as adversidades do clima e a competição por recursos alimentares.

O primeiro episódio “Montanhas”, exibido a 28 de Abril, centra-se nos locais mais altos do planeta, onde só os mais resistentes são capazes de sobreviver. Além das temperaturas extremas, há também uma grande escassez de alimento e de oxigénio. Do topo seguimos para o fundo dos oceanos (a 5 de Maio), com o segundo episódio a “mergulhar” na profundidade destes habitats, com predadores vorazes e mudanças constantes, enquanto a 12 de Maio o destaque vai para as voláteis pradarias. No quarto e quinto episódios, “Hostile Planet” revela as lutas desiguais das selvas e dos desertos, respectivamente, com ambientes cada vez mais hostis e competitivos. Por fim, a 2 de Junho, encontramos outro oposto: os pólos. Incrivelmente afectados pelas alterações climáticas, os ursos polares e pinguins, entre outros animais, são mais testados do que nunca, com o gelo, essencial para a sua sobrevivência, a quebrar a um ritmo vertiginoso.

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Num compromisso sério com a história que os animais “contam” e com o espectador que a procura, “Hostile Planet” combina as tecnologias cada vez mais capazes com a autenticidade da vida selvagem, que precisa de poucos (ou nenhuns) acrescentos ou hiperbolizações. Além disso, a nova aposta do National Geographic alia, de forma bem conseguida, a adrenalina das alturas e das condições inóspitas ao selo de qualidade que tem marcado as séries do canal nos seus 18 anos. No ano em que atinge a maioridade, o National Geographic prova uma vez mais que ainda é capaz de surpreender. “Hostile Planet” estreia dia 28 de Abril e conta com um total de seis episódios, todos os domingos às 21h40.