Seixal quer aproximar jovens do 25 de Abril com Pop da Revolução

Actuações ao vivo, duetos com vídeos, tambores, corais, projecções multimédia: o Seixal quer fazer os jovens sentirem o 25 de Abril e programou Pop da Revolução.

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MIGUEL MANSO

O Seixal vai celebrar os 45 anos do 25 de Abril com uma produção de fôlego que junta actuações ao vivo, duetos virtuais, tambores, corais, multimédia. Os músicos Rui Júnior (Tocá Rufar) e Tiago Pais Dias (Amor Electro) são os directores deste espectáculo.

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O Seixal vai celebrar os 45 anos do 25 de Abril com uma produção de fôlego que junta actuações ao vivo, duetos virtuais, tambores, corais, multimédia. Os músicos Rui Júnior (Tocá Rufar) e Tiago Pais Dias (Amor Electro) são os directores deste espectáculo.

Desafiado, em Fevereiro de 2018, a pensar numa proposta para os 45 anos do 25 de Abril, Rui Júnior não aceitou logo. Porque não se imaginava a fazer algo fora dos seus objectivos. “Diminuir aquilo que ambiciono como produto artístico seria surrealista”, diz ele ao PÚBLICO, já muito depois de estar em marcha o programa. Mas na altura começou a pensar no que é tradicionalmente associado ao 25 de Abril, e às habituais comemorações, e achou que dificilmente isso chega a muitos jovens. “É a imagem de uns velhos a dizer: vocês não sabem nada, não viveram isto. Mas há tantas coisas de valor, tantas mensagens, tanta coisa fantástica, que nós, gerações mais velhas, muito gostaríamos que os jovens sentissem algo idêntico. Só não conseguimos comunicar.”

Ao som dos Amor Electro

Naquele mês, ele andava a ouvir no carro o último disco dos Amor Electro. “Temas antigos tão giros, para mim tão nostálgicos, mas com um arranjo pop. E pensei: isto é que é ir buscar a memória, a essência daquilo que lá está, e trazer para uma linguagem actual. As letras continuam a ser lindíssimas, a forma de comunicar é que já não é a mesma.” Mas há um paralelismo que ele sublinha: “Quando um jovem levanta a voz, defende os mesmos valores que nós defendíamos, é uma questão civilizacional.”

Então, pediu opiniões a alguns especialistas na área da música (radialistas, jornalistas) e sugeriu convidar Tiago Pais Dias, dos Amor Electro, para assegurar a direcção musical do espectáculo, ficando ele com a direcção artística. A produção foi entregue ao Tocá Rufar, projecto que Rui Júnior fundou (sediado no Seixal) e à agência Nação Valente. O desafio era: “Como é que nós, artistas, poderemos transmitir toda a emoção deste percurso? Cantando, da melhor forma, com um produto artístico fantástico.” Daí partiu-se para a ideia de reunir artistas de várias gerações. E isso só foi possível, até por razões de agenda dos envolvidos, com recurso a gravações. Assim, estarão em palco Aurea, Carlão, Fernando Ribeiro, Marisa Liz, Tatanka e Homens da Luta; e, a par deles, em gravações vídeo, ouvir-se-ão Jorge Palma, Marco Rodrigues, Paulo de Carvalho, Simone de Oliveira e Teresa Salgueiro. E haverá duetos palco-vídeo, ao vivo.

Do palco para o ecrã

Por exemplo: se Fernando Ribeiro (vocalista dos Moonspell) e Marisa Liz (vocalista dos Amor Electro) vão cantar, ambos no palco, Inquietação, de José Mário Branco, já outros duetos se farão do palco para o ecrã: Marisa Liz cantará Estrela da tarde (de Ary dos Santos e Fernando Tordo) com Chullage, este pré-gravado, virtual; Tatanka, em palco, cantará A morte saiu à rua (de José Afonso) com Marco Rodrigues (virtual); e Aurea cantará com Simone de Oliveira (virtual) No teu poema (de José Luís Tinoco).

Ouvir-se-ão ainda temas como Canção de embalar, de José Afonso (por Jorge Palma e Teresa Salgueiro, ambos pré-gravados em vídeo), Depois do adeus (por Paulo de Carvalho, que originalmente a cantou em 1974 no Festival da Canção e que serviu de primeira senha ao 25 de Abril), Maré Alta, de Sérgio Godinho (por Fernando Ribeiro), Que amor não me engana, de José Afonso (por Mariza Liz), Liberdade, As portas que Abril abriu, FMI (por Carlão), Tanto mar, Traz um amigo também (por Tatanka), Com uma arma com uma flor, Festa da vida (Aurea). Todas as canções serão acompanhadas ao vivo pela banda Amor Electro, que na verdade acabou por inspirar este programa.

Grândola em grande

O Tocá Rufar também actuará, diz Rui Júnior. “Vai fazer dois temas durante o alinhamento, um deles o Grândola, em que estaremos todos, coros e percussões.” E estes são: a Orquestra Tocá Rufar, o Karma Drums, o Coro Infantil do Pólo do Seixal da Escola Artística de Música do Conservatório Nacional (que cantará também o refrão de Liberdade), o Grupo Coral Alentejano da ASSTAS e o Grupo Coral Seixal Vocalis.

O programa inicia-se às 19 horas de 24 de Abril, na zona ribeirinha do Seixal, com “animação e performances”, seguindo-se das 22h às 0h30 o espectáculo já descrito. Das 0h30 às 2h a música continua, com Omiri, Celina da Piedade, Chullage e Russa. O nome Pop da Revolução nasceu de uma abreviatura: estava para se chamar Ópera Pop da revolução, tal a ligação entre meios (música, vídeos, multimédia), mas pensou-se que o nome ópera podia suscitar equívocos. E assim ficou, apenas, Pop da Revolução.