Alimentação dos 3S: sustentabilidade, saúde e sabor

Na alimentação, são insustentáveis as dietas temporárias de emagrecimento, as escolhas alimentares que exigem deslocações ambientalmente pesadas, as restrições totais (ou radicais) de hidratos de carbono ou a não limitação do consumo proteico.

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Lukas Budimaier/Unsplash

Chegaremos ao dia em que falar de sustentabilidade será falar de sabor, de saúde, de felicidade. Não porque não o seja hoje, mas porque chegaremos ao dia em que a sustentabilidade será natural e comummente reconhecida como o fluir necessário da continuidade a longo prazo. Assim, quando falamos de alimentação sustentável, falamos do que nos alimenta hoje com perspectiva de continuidade. A nossa alimentação é sustentável se a conseguirmos manter no futuro, pela manutenção da disponibilidade do que comemos (recursos), pela manutenção da nossa vida (saúde) e pela manutenção da nossa predisposição para o comer (sustentabilidade dos hábitos).

Assim, na alimentação, são insustentáveis as dietas temporárias de emagrecimento, as escolhas alimentares que exigem deslocações ambientalmente pesadas, as restrições totais (ou radicais) de hidratos de carbono ou a não limitação do consumo proteico. Todas as formas de comer que sejam a prazo apresentam resultados limitados. Exceptuando-se, claro está, as situações particulares de necessidades de cuidados temporários, por questões particulares de saúde, doença ou outro.

Falar de alimentação hoje para alimentação amanhã é pensar o sabor, a saúde e o impacto para com os outros e o meio. É assumir a responsabilidade e o poder de nutrir quem somos, de alimentar a nossa saúde, de respeitar o ambiente, de valorizar a biodiversidade alimentar, de incentivar à valorização da agricultura local, de descobrir a cultura alimentar, de procurar novas e antigas formas de preparar e cozinhar, de arriscar e estimular a criatividade combinando sabores, de educar e estar bem.

Os 3S podem servir de vértices piramidais e de critério de interpretação do rebuliço de propostas alimentares hoje amplamente semeadas por artigos e notícias, publicações e publicidades, intervenções e conversas. Fazer bem, proteger a saúde, ser mais ecológico e super nutritivo são motivos interessantes para incluir ou incentivar a mudar a alimentação se, para quem a produzir, for feita de forma sustentável económica, ambiental, saborosa e saudável.

No caminho para a alimentação com futuro trabalham-se as ofertas alimentares sustentáveis para o consumidor enquanto pessoa (e, portanto, ofertas saudáveis) e enquanto actor da sua escolha (e, portanto, ofertas com sabor). Um caminho influenciado por todos os que nos preparam alimento: agricultores e produtores, distribuidores, centrais de compras, restauração e hotelaria, sectores público, social e privado. Um caminho facilitado por estratégias governamentais sustentavelmente integradas. Um caminho construído por todos nós que comemos e que, para isso, procuramos, escolhemos, compramos, preparamos, cozinhamos e saboreamos.

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