Cartão de visita

Edgar Pêra coloca o seu carrocel multimedia ao serviço da personalidade performativa de Alberto Pimenta.

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Por esta altura, é legítimo perguntar que mais terá Edgar Pêra “escondido” nos seus arquivos de décadas que lhe permitem aparecer regularmente com objectos como Punk’s Not Daddy (2010) ou Visões de Madredeus (2012). Desta vez, esses arquivos são o ponto de partida deste retrato ensaístico do poeta e performer Alberto Pimenta, que se inscreve na vertente que já viu Pêra dedicar filmes a António Pedro ou Carlos Paredes. É mais uma manifestação do interesse do cineasta pelas figuras “paralelas”, “exteriores” ao mainstream canonizado da cultura portuguesa, combinadas com o seu constante jogo multimediático de imagens, textos, sobreposições e sonorizações.

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Por esta altura, é legítimo perguntar que mais terá Edgar Pêra “escondido” nos seus arquivos de décadas que lhe permitem aparecer regularmente com objectos como Punk’s Not Daddy (2010) ou Visões de Madredeus (2012). Desta vez, esses arquivos são o ponto de partida deste retrato ensaístico do poeta e performer Alberto Pimenta, que se inscreve na vertente que já viu Pêra dedicar filmes a António Pedro ou Carlos Paredes. É mais uma manifestação do interesse do cineasta pelas figuras “paralelas”, “exteriores” ao mainstream canonizado da cultura portuguesa, combinadas com o seu constante jogo multimediático de imagens, textos, sobreposições e sonorizações.

Os documentários de Pêra colocam-se entre as experiências mais “fora” do Ken Russell televisivo dos anos 1960 e os ensaios metatextuais do Godard pós-1985; em O Homem-Pykante, isso surge exacerbado pela natureza performativa de Pimenta, personagem truculenta e iconoclasta da cultura portuguesa do pós-25 de Abril que parece feito à medida das investigações de Pêra. O que é interessante aqui é tratar-se de um filme  do seu autor em toda a sua (des)organização formal, mas que, ao mesmo tempo, cede o terreno do écrã e da voz a uma outra personagem que o ocupa por inteiro, mesmo quando lá não está. Como se o realizador fosse, aqui, mera “correia de transmissão” das palavras e das imagens de Pimenta e se colocasse ao seu serviço, num “trabalho de amor” que revela também uma certa e bem-vinda maturidade. E, ao mesmo tempo que recusa a forma e a estrutura convencional do retrato documental, O Homem-Pykante traça de maneira simultaneamente acessível e lúdica o percurso artístico e pessoal de Pimenta — quem nunca ouviu falar da figura sairá, aliás, curioso por saber mais, o que torna o filme também num bom cartão de visita.

O que já é mais legítimo perguntar é se, dadas as características de O Homem-Pykante (que nos parece encontrar melhor o seu espaço no pequeno ecrã) e o actual momento em que vivemos na exibição cinematográfica, se justifica a sua estreia no circuito comercial — mas isso são outras conversas.

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