Jogadores, presidente, adeptos: de quem é a culpa da crise do Real Madrid?

"Galácticos" estão afastados de todas as competições e a 12 pontos do líder Barcelona. Fontes ouvidas pelo PÚBLICO apontam diferentes responsáveis para a sequência de maus resultados dos espanhóis.

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Real Madrid foi afastado da Liga dos Campeões pelo Ajax LUSA/RODRIGO JIMENEZ

O Real Madrid está, declaradamente, em crise. A pesada derrota no Santiago Bernabéu, esta terça-feira, frente ao Ajax, deu início a um coro de críticas em relação ao plantel e a Florentino Pérez, presidente dos “merengues”. Por estes dias, em Madrid, de pouco valem as três últimas edições da Liga dos Campeões conquistadas pelos “blancos”. O que conta são os 12 pontos de distância para o Barcelona, líder isolado do campeonato espanhol e o facto de, em Março, o Real Madrid estar afastados das competições nacionais e internacionais, cenário muito pouco comum. 

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O Real Madrid está, declaradamente, em crise. A pesada derrota no Santiago Bernabéu, esta terça-feira, frente ao Ajax, deu início a um coro de críticas em relação ao plantel e a Florentino Pérez, presidente dos “merengues”. Por estes dias, em Madrid, de pouco valem as três últimas edições da Liga dos Campeões conquistadas pelos “blancos”. O que conta são os 12 pontos de distância para o Barcelona, líder isolado do campeonato espanhol e o facto de, em Março, o Real Madrid estar afastados das competições nacionais e internacionais, cenário muito pouco comum. 

“No final da temporada anterior já se antevia um fim de ciclo. Com a saída de Zinedine Zidane e, posteriormente, de Cristiano Ronaldo, essa crise foi muito evidente. A essas saídas juntou-se uma falta de acção do Real Madrid no mercado de Verão”, explica ao PÚBLICO Mario Cortegana, do diário desportivo AS.

O jornalista que faz o acompanhamento do emblema “merengue” para aquele jornal espanhol garante que Gareth Bale, extremo galês contratado ao Tottenham em 2013 por 100 milhões de euros, não conseguiu assumir o papel deixado vago pelo internacional português, acrescentando que o actual treinador, Santiago Solari, encontrou uma equipa com sérios problemas: “Todos os jogadores que teriam de dar um passo em frente não o fizeram. Jogadores como Marcelo e Gareth Bale, por exemplo. O Solari [que substituiu Julen Lopetegui em Outubro] pegou numa equipa que já estava muito má, tanto física como psicologicamente. Agora, o principal objectivo dele passa por garantir a qualificação do Real Madrid para a Liga dos Campeões.”

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Solari atravessa dias difíceis na capital espanhola RODRIGO JIMENEZ / LUSA

"[Perez] é como Maduro na Venezuela"

Por sua vez, Diego Torres, do El País, coloca a responsabilidade dos maus resultados no presidente Florentino Pérez: “A principal causa desta crise é uma política desportiva muito errática e irregular levada a cabo por um presidente que sabe muito pouco sobre futebol e está obcecado em transformar Gareth Bale no futebolista de referência no clube.”

Na opinião do jornalista, o dirigente dos “galácticos” irá manter Solari no cargo para ganhar tempo, enquanto procura por um novo treinador. Apesar das vozes que pedem a demissão de Florentino crescerem de tom, duvida que o presidente — que soma 16 anos, divididos por dois períodos, à frente do clube — abandone o poder: “Pode haver adeptos que querem que ele saia, mas ele não sairá. É como o Maduro na Venezuela.”

Em Espanha, são já poucos os que colocam em causa a substituição de treinador no final da temporada. Como já é normal acontecer nestas ocasiões de incerteza, vários rumores apontam para um eventual regresso de Zinedine Zidane ao comando técnico dos “galácticos”. Outra das hipóteses mais faladas aponta ao regresso de José Mourinho. Os jornais desportivos AS e Marca noticiaram que o presidente do emblema espanhol, Florentino Pérez, reuniu de emergência com Solari, no sentido de perceber se o técnico estaria disposto a abandonar o comando técnico dos espanhóis. Na mesma notícia, os jornais afirmam que Zidane estaria disposto a voltar ao Real, mas apenas no final da temporada.

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“Acho que se voltasse ao Real Madrid, o clube teria de estar ao lado dele”, afirma, ao PÚBLICO, Carlos Secretário, antigo jogador do Real Madrid. Depois de jogadores e presidente, Secretário não deixa passar em branco a exigência dos adeptos “merengues”, habituados a que a equipa conquiste título atrás de título: “Os adeptos do Real não têm muita paciência. Estão habituados a ganhar tudo, ter grandes estrelas e a resultados rápidos. Quando não acontece mostram logo o seu desagrado.”

Números não enganam

Sem Cristiano Ronaldo, a equipa do Real Madrid não produz tanto. Uma análise estatística aos golos marcados até à 26.ª jornada do campeonato espanhol mostram o peso que o goleador tinha nos índices ofensivos dos “merengues.

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Secretário saiu do FC Porto para o Real Madrid em 1996 EPA / PUBLICO

Com CR7, a média de golos do Real Madrid nesta altura do campeonato rondava os 70,5 golos. Sem o português, a equipa de Solari apenas soma 43. Na época 2011-12, a equipa então comandada por Mourinho somava mais do dobro dos golos da presente temporada, com Ronaldo a ser responsável por 32.