Louvre Abu Dhabi vai mostrar o seu primeiro Rembrandt no ano em que o pintor vai andar pelo mundo

Os 350 anos da morte do mestre holandês vão também ser assinalados com exposições por todo o mundo. Um programa intenso que, naturalmente, tem Amesterdão como epicentro.

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Study of the head and clasped hands of a young man as Christ in prayer, de Rembrandt DR

Estudo para Cabeça de Jovem, uma obra que mostra um homem de mãos entrelaçadas como quem representa Cristo em oração, faz parte de uma série de meia dúzia de retratos que Rembrandt (1606-1669) pintou usando como modelo um jovem de Amesterdão e é o primeiro trabalho do mestre holandês a integrar a colecção do Museu Louvre Abu Dhabi. A pintura vai agora ser mostrada ao público a partir de 14 de Fevereiro na exposição Rembrandt, Vermeer e o Século de Ouro Holandês — Obras-primas da colecção Leiden e do Museu do Louvre.

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Estudo para Cabeça de Jovem, uma obra que mostra um homem de mãos entrelaçadas como quem representa Cristo em oração, faz parte de uma série de meia dúzia de retratos que Rembrandt (1606-1669) pintou usando como modelo um jovem de Amesterdão e é o primeiro trabalho do mestre holandês a integrar a colecção do Museu Louvre Abu Dhabi. A pintura vai agora ser mostrada ao público a partir de 14 de Fevereiro na exposição Rembrandt, Vermeer e o Século de Ouro Holandês — Obras-primas da colecção Leiden e do Museu do Louvre.

Este esboço que Rembrandt terá realizado em 1650 foi comprado pelo museu da capital dos Emirados Árabes Unidos (EAU) em Dezembro, num leilão londrino da Sotheby’s, por 9,4 milhões de libras (o equivalente, ao câmbio actual, a quase 11 milhões de euros). Esta pequena tela a óleo com 25,5 x 20,1 centímetros cuja autoria só foi confirmada na década de 1930 viu-se valorizada pela descoberta de duas impressões digitais do pintor em 2001, quando esteve exposta no Museu do Louvre em Paris, numa mostra intitulada Rembrandt e o Rosto de Jesus.

No Louvre Abu Dhabi este Estudo para Cabeça de Jovem vai agora ser mostrado – até 18 de Maio – ao lado de quase uma centena de obras do mesmo Rembrandt, de Vermeer e de outros artistas do designado Século de Ouro da pintura holandesa – leia-se século XVII, quando os Países Baixos dominavam o comércio mundial e a sua burguesia enriquecida ostentava a sua condição apostando numa arte que se demarcava da temática religiosa do Renascimento italiano.

Entre as 95 obras que integram a exposição Rembrandt, Vermeer e o Século de Ouro Holandês estão pinturas bem conhecidas como Mulher Jovem Sentada ao Virginal (1673), de Vermeer, além de trabalhos de Jan Lievens, Carel Fabritius, Gerrit Dou, Frans van Mieris ou Ferdinand Bol.

Estudo para Cabeça de Jovem “é o primeiro Rembrandt a integrar uma colecção de um museu no Golfo Pérsico”, realçou, em comunicado emitido este domingo, Manuel Rabate, director do Louvre Abu Dhabi, lembrando que o pintor “é um mestre da Idade de Ouro, um génio universal que está ligado ao mundo”.

“Rembrandt foi um dos maiores contadores de histórias, com uma capacidade excepcional para captar a alma humana nas suas obras”, acrescentou Rabate, citado pelo site Gulfnews, destacando a oportunidade que a recente aquisição do Louvre Abu Dhabi cria aos seus visitantes de “ver, ao vivo, o poder das suas criações".

No mesmo sentido se pronunciou Mohammad Al Mubarak, responsável pelo pelouro da Cultura e Turismo de Abu Dhabi: “Rembrandt é uma das figuras mais proeminentes da história da arte ocidental, e esta aquisição realça, uma vez mais, a qualidade notável da colecção permanente do Louvre Abu Dhabi e do seu programa de exposições.” Segundo o Gulfnews, a colecção permanente do museu árabe conta já com 650 obras, entre pintura, desenho, escultura chinesa, tapeçarias francesas e armaduras otomanas.

O Museu Louvre Abu Dhabi, projectado pelo arquitecto francés Jean Nouvel para a Ilha de Saadiyat na capital dos Emirados, foi inaugurado em Novembro de 2017 na presença do Presidente Emmanuel Macron e do príncipe herdeiro Mohammed ben Zayed Al-Nahyane​. Primeira “delegação” do Louvre fora de território francês é um projecto que, segundo a AFP, terá custado mil milhões de dólares, metade dos quais destinada a pagar a marca da instituição parisiense (esta informação não foi, até hoje, confirmada por fontes oficiais).

Rembrandt pelo mundo fora

Rembrandt, Vermeer e o Século de Ouro Holandês faz parte de um lote de 15 exposições que, ao longo de 2019, vão assinalar um pouco por todo o mundo o 350.º aniversário da morte do mestre holandês.

Os momentos fortes do calendário vão acontecer, sem surpresa, no Rijksmuseum, em Amesterdão, pela razão simples de que se trata da instituição que possui a maior colecção de obras de Rembrandt. É aí que, já esta semana, no dia 15, é inaugurada aquela que é apresentada como "a exposição do ano", All Rembrandts in the Rijksmuseum, que vai mostrar nada mais nada menos que 22 pinturas, 60 desenhos e 300 gravuras (até 10 de Junho).

“Mostrar isto tudo em conjunto é algo novo para nós”, comentou para o Art Newspaper Gregor Weber, responsável pelo departamento de Belas Artes e Artes Decorativas do museu de Amesterdão. A exposição vai distribuir-se por nove salas do Rijksmuseum que, assim, vão dar a conhecer de uma só vez “a história da vida e a obra de Rembrandt”, acrescentou Weber: “Não conheço nenhuma outra colecção em todo o mundo que tenha tal soma de pinturas, desenhos e gravuras no mesmo lugar.”

Mais para o final do ano, entre 11 de Outubro e 19 de Janeiro de 2020, o Rijksmuseum vai colocar face a face a obra do mestre holandês e a de Velásquez (1599-1660), o espanhol seu contemporâneo — “dois gigantes da arte barroca assim reunidos pela primeira vez”, anuncia o museu.

Promovida em colaboração com o Museu do Prado, em Madrid, esta exposição terá uma primeira versão na capital espanhola, entre 25 de Junho e 29 de Setembro, mas aqui com os dois mestres associados também a Vermeer, para permitir novas visões de conjunto sobre a arte dos dois países nos séculos XVI e XVII, e estendendo-se a artistas como Ribera e Frans Hal, por exemplo.

Entre a longa lista de exposições mundo fora avançada pelo The Art Newspaper refiram-se também, ainda na Holanda, Rembrandt e a Mauritshuis (Mauritshuis, Haia, até 15 de Setembro) e O Jovem Rembrandt (Stedelijk Museum De Lakenhal, Leiden, 3 de Novembro a 9 de Fevereiro de 2020); na Alemanha, as exposições Rembrandt’s Mark (Kupferstich-Kabinette, Dresden, 14 de Junho a 15 de Setembro) e Rembrandt: Destaques Gráficos da Colecção de Munique (Pinakothek der Moderne, Munique, 27 de Setembro a 20 de Outubro); em Itália, Em volta de Caravaggio e Rembrandt (Pinacoteca di Brera, Milão, 5 a 24 de Fevereiro); em Inglaterra, Rembrandt in Print (Lady Lever Art Gallery, Liverpool, 1 de Junho a 15 de Setembro, e The Holburne Museum, Bath, 4 de Outubro a 5 de Janeiro), e Rembrandt’s Light (Dulwich Picture Gallery, Londres, 2 de Outubro a 2 de Fevereiro de 2020); e, nos Estados Unidos, Life in the Age of Rembrandt (Columbus Museum of Art, Columbia, 1 de Fevereiro a 16 de Junho), e Dutch Painting in the Age of Rembrandt (Saint Louis Art Museum, S. Louis, 20 de Outubro a 12 de Janeiro de 2020).