Gripe continua com mortalidade "acima do esperado"

Janeiro apresenta mais 660 mortes do que é habitual nesta época do ano, diz a DGS. A epidemia da gripe continua com "tendência crescente". A taxa de incidência aumentou para 89,3 casos por 100 mil habitantes. Na última semana, 23 pessoas foram internadas nos cuidados intensivos.

Foto
Desde o início da época, 83 pessoas foram internadas nos cuidados intensivos por causa da gripe Rui Gaudêncio

Na semana passada, a mortalidade provocada pela epidemia de gripe voltou a estar “acima do esperado”, revelou o boletim de vigilância epidemiológica da gripe do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (Insa), divulgado nesta quinta-feira. Pouco depois da informação ser conhecida, a directora-geral da Saúde, Graça Freitas, explicava, em conferência de imprensa, que durante o mês de Janeiro até quarta-feira, dia 30, houve 12.380 óbitos, mais 660 mortes face à média do mês de Janeiro dos últimos cinco anos.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Na semana passada, a mortalidade provocada pela epidemia de gripe voltou a estar “acima do esperado”, revelou o boletim de vigilância epidemiológica da gripe do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (Insa), divulgado nesta quinta-feira. Pouco depois da informação ser conhecida, a directora-geral da Saúde, Graça Freitas, explicava, em conferência de imprensa, que durante o mês de Janeiro até quarta-feira, dia 30, houve 12.380 óbitos, mais 660 mortes face à média do mês de Janeiro dos últimos cinco anos.

A mortalidade acima do esperado justifica-se com o “frio extremo”. “Mesmo na ausência de actividade gripal, o frio é factor de morte, de descompensação”, disse Graça Freitas, citada pela Lusa. Pessoas com doenças crónicas e idosos são os mais atingidos.

Na comparação com a semana anterior (dias 14 a 20 de Janeiro), em que já se registava um excesso de mortalidade em Portugal por causa da gripe, a taxa de incidência de síndroma gripal aumentou de 85,5 casos por 100 mil habitantes para 89,3 por 100 mil, revelou agora a análise do Insa ao que se passou entre os dias 21 e 27 de Janeiro

Quanto à mortalidade, já no último boletim semanal o Insa classificava-a como estando "acima do esperado", o que levou a directora-geral da Saúde a sublinhar então que as mortes ocorreram sobretudo em pessoas muito idosas, com mais de 85 anos, cujas patologias "descompensam com o frio". 

Constatando que houve "um aumento acentuado do número de amostras positivas para o vírus da gripe nas últimas quatro semanas", o Insa acrescenta que foram reportados 23 casos de gripe cuja severidade justificou o internamento dos doentes em unidades de cuidados intensivos. Daqueles, 21 doentes acusaram o vírus Influenza A.

Se recuarmos ao início da época 2018/2019, o boletim do Insa dá conta de 83 casos de gripe que obrigaram ao internamento dos doentes nos cuidados intensivos. Daqueles, 77% tinham doença crónica subjacente e 61% tinham 65 ou mais anos de idade. 

E, numa semana em que "a actividade gripal manteve tendência crescente na Europa", com dois subtipos do vírus da gripe A (H1) e A (H3) em co-circulação, o Insa contabiliza 6786 casos de síndroma gripal notificados desde o início da época, dos quais 1578 foram positivos para o vírus da gripe. 

Recorde-se que, no Inverno passado, época em que a epidemia da gripe foi das menos intensas desde a pandemia de 2009, registou-se também um excesso de mortalidade, 3714 óbitos acima do expectável.

Graça Freitas disse nesta quinta-feira que não sabe se Portugal já atingiu o pico da gripe. “Se me perguntarem se estamos em pico, eu não sei dizer. Só saberemos quando começarmos a descida desta curva. Pode aumentar ainda mais, mas não aumentará muito mais, previsivelmente, porque há quatro semanas que estamos a subir”, disse Graça Freitas, citada pela Rádio Renascença. Agora é “preciso analisar estas tendências e ver o que é de facto normal em relação aos outros anos”.

Esta semana, houve em análise 670 mil consultas em cuidados de saúde primários, com uma média diária de 95 mil. “Isto é um número estável, não há indicação crescente”, referiu.