Arquitectura

Uma “casa com escala de cidade” que reinventa a arquitectura palaciana

© Arquivo Miguel Marcelino
Fotogaleria
© Arquivo Miguel Marcelino

Há, em Tróia, uma casa que se inspira na organização dos palacetes e na dinâmica das cidades. Foi desenhada por Miguel Marcelino, arquitecto de 37 anos, e insere-se, desde 2018, num loteamento rodeado por uma “paisagem bela de dunas de areia fina” e “com alguma densidade” — característica que deu que pensar a Miguel Marcelino.

Ao telefone com o P3, o arquitecto começou por explicar que a principal preocupação foi evitar a sensação de “demasiada proximidade” com as outras casas, de forma a manter a “privacidade e tranquilidade no interior do espaço e do lote”. Nasceu, assim, uma casa rodeada de jardim, com “uma grande sala de estar exterior”: o pátio com piscina — que se assume como “o coração da casa” e parece invadir a sala de estar interior (imagem 6) — é como "uma praça que agrega e dá sentido a todas as restantes ruas desta cidade". “Interessava-nos rasgar os limites entre o que é interior e exterior, o que é seco e o que é água, e interconectar todos esses elementos, criando mais tensão e interesse”, afirma Marcelino.

No interior, há uma “demarcação vincada entre as zonas sociais e as zonas privadas”, ao estilo da arquitectura palaciana, mas com "algumas manipulações relativamente à abordagem tradicional". As áreas são divididas por corredores. “Entramos para a biblioteca e, de lá, há uma passagem muito estreita, quase como se fosse uma passagem secreta para uma rótula de transição. Só depois encontramos as zonas sociais, como a sala de jantar, um espaço imponente”, descreve. Os cinco quartos são encontrados através de “uma passagem muito discreta”, uma vez que o arquitecto quis que fossem “alheados da zona social, como se fossem duas dimensões paralelas”.

Não há, nesta casa, dois compartimentos iguais: todos eles têm diferentes "pés direitos e dimensões”, escala, iluminação e relação com o exterior, particularidade que a transformam numa “cidade do tamanho de uma casa”. Mais ainda, não há uma relação directa entre o exterior e o interior. Ou seja, não é através de uma janela que se vê a rua: “Temos sempre zonas exteriores, pequenos pátios com árvores e vegetação que actuam como um filtro entre os quartos e a rua.”

Quem passa por esta construção pode ter uma “imagem quase insólita, como se fosse uma ruína”. Vêem-se, como mostra a primeira imagem desta fotogaleria, “aberturas para espaços exteriores com vegetação, que é para onde se abrem as janelas dos quartos”, refere Marcelino. O acabamento da casa é cru: com o "frio" do pavimento em betão branco e as paredes em reboco tosco, contrasta o calor "das carpintarias em madeira de carvalho". A toda a volta, "a vegetação completa os volumes construídos, que funcionam como pano de fundo para os arbustos coloridos e árvores que habitam cada um dos pátios e jardins".

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