A primeira passagem de Bruno Ribeiro pela Reserva Natural das Berlengas, em Peniche, foi em Novembro de 2017, no âmbito de um projecto de voluntariado que descobriu na breve passagem que fez pelo curso de Biologia Aplicada: o Life Berlengas, que pretende contribuir para uma gestão sustentável da reserva, de forma a conservar os seus habitats, plantas endémicas (espécies que nascem apenas numa determinada área ou região) e populações de aves marinhas. “Foi nessa altura que descobri o gosto pelo projecto Life Berlengas e, por isso, decidi regressar, em Maio e depois em Julho deste ano”, conta o jovem de 21 anos, natural de Guimarães, ao telefone com o P3.

Mas as últimas passagens pelas ilhas acabaram por revelar um propósito diferente: estando a frequentar o curso de fotografia no Instituto Português de Fotografia (IPF) desde 2017, e com particular interesse na fotografia documental, Bruno decidiu levar a câmara fotográfica em punho. “Depois de lá estar, fui descobrindo que o turismo era uma questão importante que continuava sem resolução, porque apesar de existirem recomendações para o limite de pessoas que a ilha pode receber, não há controlo sobre isso”, refere o jovem. Decidiu, por isso, fotografar e tentar mostrar a dicotomia entre “as acções dos colaboradores do projecto de conservação e as acções dos turistas.”

Já em 2014, o PÚBLICO dava conta do alerta da Quercus para a crescente pressão turística nas ilhas e a necessidade de repensar o turismo massificado na reserva natural, sob pena de se perderem valores naturais. “A acção humana influencia os ecossistemas, quer seja directa ou indirectamente”, explica Bruno. O jovem fotógrafo dá o exemplo da introdução de ratos e coelhos na ilha, que foram trazidos pelos humanos em barcos e que, graças ao Life Berlengas, foram exterminados. A influência é ainda maior “num ecossistema tão pequeno como o das Berlengas, onde a introdução de qualquer espécie desconhecida afecta tudo", avisa. 

Gostas de fotografar e tens uma série que merece ser vista? Não consegues parar de desenhar, mas ninguém te liga nenhuma? Andas sempre com a câmara de filmar para produzir filmes que não saem da gaveta? Sim, tu também podes publicar no P3. Sabe aqui o que tens de fazer.