África: um concurso de beleza para erradicar o preconceito contra os albinos

REUTERS/Baz Ratner
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“Aceita-me, inclui-me, eu consigo.” Foi este o mote do concurso que, pela primeira vez, escolheu o Mister e a Miss Albinismo da África de Leste, e que se realizou a 30 de Novembro, em Nairóbi, no Quénia. Para combater preconceitos, o concurso juntou 30 concorrentes, não só do Quénia como em 2016, mas também da Tanzânia e do Uganda, com o objectivo de encorajar a inclusão dos que sofrem da condição, num panorama onde os albinos são alvo de discriminação, perseguições e, muitas vezes, mortos ou amputados.

Em algumas comunidades africanas, existe a crença de que partes do corpo de albinos possuem poderes mágicos. Por isso, perseguem-nos: dedos, braços, dentes e línguas são retirados para serem transformados em amuletos de boa sorte. Os talismãs são considerados ainda mais valiosos e poderosos “se as vítimas gritarem durante a amputação”, escrevia o P3, em 2017, quando quatro crianças tanzanianas, vítimas destes ataques, receberam próteses de membros superiores, no Hospital Pediátrico Shriners, em Filadélfia. 

Também os participantes deste concurso foram vítimas de abusos e contaram-no, na primeira pessoa, à Reuters. Elizabeth James, da Tanzânia, disse ter sido forçada a mudar de escola quando era criança, uma vez que as pessoas apontavam, a observavam e perseguiam até casa. Já Chivai Kasuma confessou que está habituada a que estranhos se aproximem dela e lhe toquem na cara ou puxem a pele. “As pessoas não percebem o que é o albinismo”, lamentou.

O objectivo do concurso era também esse: acabar com a ignorância que existe à volta do albinismo, a condição genética que inibe a produção de melanina — pigmento que dá cor a alguns órgãos e protege da radiação solar — e provoca baixa visão, falta de pigmentação no cabelo, na pele e nos olhos e sensibilidade à luz solar. Isaac Mwaura, o primeiro membro do parlamento queniano com albinismo e um dos organizadores do evento, explicou à Reuters que a competição foi também uma forma de promover a auto-estima entre aqueles que vivem com esta condição. “Estamos aqui principalmente para alertar e mostrar a nossa beleza e talento”, concluiu. No final, os vencedores foram Emmanuel Silas Shedrack, tanzaniano de 20 anos, e Maryanne Muigai, queniana de 19. 

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