Apps, podcasts e fontes para conversar sobre vinhos

Na Internet há muita informação para enófilos. Mas, tal como na adega, é preciso saber escolher. Um enólogo ajuda-nos a fazer uma lista e a separar o trigo do joio.

Foto
André Rodrigues/Arquivo

Entrar na conversa de enólogos e enófilos não é para todos e segue aquele velho princípio semiótico que não se vergou com a idade: não entra no debate quem quer, entra quem pode. Numa mesa de engenheiros de pontes, a lógica seria a mesma – com a agravante de que dificilmente encontrará uma app que lhe descodifique a conversa rapidamente. Já para o mundo do vinho, há diversas soluções. Basta saber como separar o trigo do joio – um trabalho a que nos dedicámos para fazer uma lista de fontes de informação indispensáveis para enófilos.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Entrar na conversa de enólogos e enófilos não é para todos e segue aquele velho princípio semiótico que não se vergou com a idade: não entra no debate quem quer, entra quem pode. Numa mesa de engenheiros de pontes, a lógica seria a mesma – com a agravante de que dificilmente encontrará uma app que lhe descodifique a conversa rapidamente. Já para o mundo do vinho, há diversas soluções. Basta saber como separar o trigo do joio – um trabalho a que nos dedicámos para fazer uma lista de fontes de informação indispensáveis para enófilos.

A primeira coisa a ter em conta é o nível de conhecimento que se tem e quanto se quer investir (em tempo de consulta, de aprendizagem ou dinheiro) para expandir o que sabem. Um iniciante poderá começar pela aplicação Vivino (iOS e Android) – e nesta lista vamos centrar-nos nalgumas apps gratuitas. Com 30 milhões de utilizadores, a Vivino reclama ser “a maior comunidade mundial do vinho” e a “maior livraria vinícola do planeta”, com informações sobre 9,2 milhões de vinhos.

Foto
A "app" Vivino é uma das mais populares do mundo, alimentada por informações fornecidas pela comunidade de 30 milhões de utilizadores DR

É uma espécie de TripAdvisor dos vinhos, com a qual se pode fotografar o rótulo e obter toda a informação que lá foi colocada pela comunidade: críticas, notas de prova, informações organolépticas e comerciais. Seguindo este modelo, em que a informação vem da comunidade, há outras alternativas, com pequenas variações.

A Cellar Tracker (iOS e Android) tem uma base de dados mais pequena (três milhões de vinhos), mas o funcionamento é semelhante. A Wine-Searcher (iOS e Android) é um motor de busca útil para coleccionadores, porque aponta onde comprar, online ou offline, aquela garrafa específica. A Delectable (iOS e Android), por seu lado, é uma espécie de Instagram dos vinhos: apresenta a informação numa interface semelhante a uma rede social e que permite seguir amigos e desconhecidos. A Wine Advisor (iOS e Android) é francesa e distingue-se pela função de gestão virtual da garrafeira lá de casa. E a Hello Wine (ou Hello Vino para iOS e Android) é das poucas apps pagas – sem grande vantagem nisso, porque falhou mais vezes no reconhecimento de rótulos.

Neste tipo de fontes, é comum encontrar também compêndios sobre tipos de uvas e sugestões de refeições para cada vinho.

Foto
A Wine Events usa a função GPS dos telemóveis Android e iOS para sugerir eventos vinícolas nas redondezas. Inclui ainda sugestões de férias e permite a cada utilizador registar eventos para divulgação DR

Porém, quem procura informação mais aprofundada e perspectivas críticas para formar uma opinião própria, deve buscar outras fontes de informação. Há diversos sites e contas Instagram de especialistas, jornalistas e influenciadores, revistas de referência e podcasts indispensáveis para quem não é um principiante. É o caso do enólogo António Braga, a quem pedimos ajuda.

Quadro da Sogrape desde há 11 anos, António Braga já foi responsável da Quinta da Leda e, como tal, esteve ligado a vinhos notáveis deste produtor. “Costumo dizer que era a parteira do Barca Velha e do Reserva Especial”, diz este enólogo que, por norma, não utiliza apps baseadas na comunidade. A lógica desta opção é fácil de explicar e entender: “Será que um crítico de cinema valoriza as críticas do IMDB.com?”

Assim sendo, e começando pelo universo nacional, António Braga destaca João Paulo Martins (Expresso) e Pedro Garcias (PÚBLICO), autores que periodicamente escrevem sobre vinhos em publicações mainstream generalistas. Recomenda também André Ribeirinho, um caso particularmente notável de empreendedorismo nesta área.

Foto
André Ribeirinho é uma das escolhas de António Braga e tem múltiplos projectos na área dos vinhos Nelson Garrido

Autor de um site em nome próprio, onde se dirige em inglês a uma audiência global, é fundador de diversos projectos que cruzam vinhos e tecnologia. “O André começou a comunicar vinhos de uma forma simples, mais simpática, além disso fotografa bem, é muito coerente”, elogia António Braga. Uma das recomendações da Fugas neste contexto é a app Winespots (só iOS): sugere lugares obrigatórios a partir do GPS do telemóvel; alerta para eventos e bons negócios; e permite embarcar em experiências imersivas com “anfitriões enófilos”. O universo mais vasto de projectos de André Ribeirinho pode ser descoberto em pt.adegga.com e lfstreet.com.

No plano internacional, António Braga destaca dois podcasts. O primeiro é o I’ll drink to that. Mensalmente, o ex-sommelier Levi Dalton (@leviopenswine no Instagram) entrevista personalidades importantes do mundo dos vinhos. Depois, há os podcasts GuildSomm, com uma abordagem diferente: cada episódio é sobre um tema. É como se tivéssemos um sindicato de sommeliers a explicar-nos assuntos importantes ao ouvido – são mensais, e a edição de Outubro debruçava-se sobre os taninos.

Para terminar, além das revistas mais relevantes (Wine Enthusiast, Wine Spectator e Decanter) e dos recursos online da Wine Folly, Jancis Robinson e James Suckling, mencionamos as importantes sugestões e referências que uma mão-cheia de especialistas internacionais fazem no Instagram – uma rede social que é um valioso meio de informação para amantes do vinho, desde que se saiba quem vale a pena seguir. António Braga sugere as contas da @winefolly, Jamie Good (@drjamiegoode), Sarah Ahmed (@sarahwine2) – autora do The Wine Detective, site dedicado a vinhos portugueses e australianos – e Charles Metcalfe (@thewinesinger). Além destes, acrescentamos mais um: Robert Parker, com site em nome próprio e uma conta Instagram (@wine_advocate) que o define como ele deseja: um apoiante do vinho.