Plástico reciclado com químicos perigosos presente em brinquedos

Nos cinco produtos analisados — dois brinquedos e três acessórios de cabelo feitos com plástico reciclado — foram encontradas altas concentrações de químicos perigosos, normalmente usados como retardadores de chamas.

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Reuters/KIM KYUNG-HOON

Brinquedos e acessórios de cozinha e de cabelo feitos com plástico reciclado à venda em Portugal estão contaminados com substâncias tóxicas, alertou nesta quarta-feira a associação ambientalista Zero. De acordo com um estudo desta associação, Portugal alcançou um dos piores resultados a nível europeu. 

Uma guitarra de brincar analisada em Portugal apresentou, entre mais de 400 amostras, o valor mais alto de éteres difenílicos polibromados, substâncias usadas como retardadores de chamas, refere em comunicado a Zero, que participou no estudo, que abrangeu 18 países europeus.

Pelos efeitos que podem ter na saúde humana — afectam sobretudo a tiróide e "causam problemas neurológicos e défice de atenção em crianças", esclarece a Zero —, é importante saber reconhecer estes produtos.

À TSF, Susana Fonseca, da Zero, explica que é comum encontrar estes produtos em "lojas de baixo custo". Costumam ser brinquedos "de plástico preto", que, "lhes tocarmos com a unha, ouvimos aquele som que ouvimos quando tocamos em plástico de equipamentos electrónicos".

União Europeia permite que plástico reciclado tenha concentrações mais elevadas de tóxicos

Em 430 artigos analisado no total, cerca de um quarto continha químicos perigosos, indica a associação, que pede o fim do duplo critério da União Europeia que "permite que os plásticos reciclados possam conter concentrações mais elevadas de substâncias tóxicas do que os materiais virgens".

A Zero enviou para análise dois brinquedos e três acessórios de cabelo e todas as amostras tinham químicos tóxicos usados como retardadores de chamas associados aos resíduos electrónicos, que "estão a chegar ao mercado português em produtos de consumo que incorporam material reciclado".

Se os produtos analisados em Portugal fossem feitos de plástico virgem, dois deles não respeitariam a legislação europeia para a concentração de químicos nesse material.

"Estão a contaminar produtos de consumo um pouco por toda a Europa através da reciclagem dos plásticos neles usados", refere a associação.

"É urgente que a UE legisle no sentido de proteger os cidadãos e promover uma economia circular não-tóxica", defende, indicando que os retardadores de chama bromados estão entre as substâncias mais tóxicas conhecidas e que "apenas a União Europeia e cinco países no mundo" admitem isenções para materiais reciclados que as contenham.

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