Bolsonaro em entrevista calma enquanto adversários debatem

Ao mesmo tempo que os candidatos à presidência do Brasil participavam no último debate antes das eleições, o líder das sondagens dava uma entrevista para atacar Haddad e o PT.

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A Record registou o dobro da sua audiência média durante a entrevista de Bolsonaro Reuters/NACHO DOCE

Passavam cinco minutos das 22h (mais quatro horas em Portugal continental) e ao mesmo tempo que o canal Globo começava a emitir o último debate entre os candidatos presidenciais antes da primeira volta das eleições, no domingo, a TV Record dava início a uma entrevista com o líder das sondagens, Jair Bolsonaro. Ausente do debate por ordem médica, o candidato de extrema-direita esteve no centro dos ataques dos seus adversários, mas teve uma entrevista tranquila que se aproximou de um tempo de antena.

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Passavam cinco minutos das 22h (mais quatro horas em Portugal continental) e ao mesmo tempo que o canal Globo começava a emitir o último debate entre os candidatos presidenciais antes da primeira volta das eleições, no domingo, a TV Record dava início a uma entrevista com o líder das sondagens, Jair Bolsonaro. Ausente do debate por ordem médica, o candidato de extrema-direita esteve no centro dos ataques dos seus adversários, mas teve uma entrevista tranquila que se aproximou de um tempo de antena.

Nos 30 minutos de entrevista, Bolsonaro concentrou as suas críticas ao candidato do Partido dos Trabalhadores, Fernando Haddad, que ao que tudo indica será o seu adversário na segunda volta das presidenciais. “Tudo é conduzido de dentro da cadeia pelo senhor Lula, que indica um fantoche seu chamado Haddad”, afirmou Bolsonaro logo nos primeiros minutos de entrevista.

O candidato líder das sondagens aproveitou também para fazer marcha atrás na polémica declaração dada durante uma outra entrevista na semana passada em que disse não aceitar um resultado diferente que não a sua vitória. Depois de dizer que uma vitória do PT será “o fim da pátria”, Bolsonaro garantiu que irá “respeitar o resultado das eleições”.

A entrevista na Record surge dias depois de o líder da Igreja Universal do Reino de Deus, Edir Macedo, que é também dono do canal, ter manifestado publicamente o seu apoio ao capitão na reserva. A entrevista decorreu num tom afável, em que Bolsonaro foi raramente confrontado com questões polémicas ou com contradições no seu discurso. Em duas ocasiões, a entrevista – que aconteceu na casa de Bolsonaro no Rio de Janeiro – foi interrompida por um enfermeiro que prestava cuidados de saúde ao candidato que saiu há dias do hospital depois de ter sido esfaqueado quando estava em campanha.

A audiência do debate na Globo acabou por superar a entrevista, mas a Record registou o dobro dos telespectadores que costuma ter em média à mesma hora, diz o El País Brasil.

Mira em Bolsonaro e Haddad

Horas antes, as campanhas de Haddad e do ex-governador do Ceará, Ciro Gomes, tinham apresentado queixas junto do Tribunal Superior Eleitoral para tentar impedir a entrevista, dizendo que se tratava de um caso de exposição desigual em favor de um candidato. O tribunal rejeitou os pedidos de suspensão da entrevista.

Ao mesmo tempo, no debate da Globo, os ataques concentraram-se na ausência de Bolsonaro. Houve alturas em que candidatos faziam perguntas aos adversários dizendo que as queriam fazer ao líder das sondagens.

“Você acha correcto que um homem que quer ser Presidente do Brasil não se submeta ao debate?”, perguntou a ecologista Marina Silva ao candidato do Movimento da Democracia Brasileira (MDB), Henrique Meirelles.

Haddad acusou Bolsonaro de querer “cortar o 13.º [mês], cobrar imposto de renda aos pobres que são isentos, cortar o Bolsa Família [programa de apoio social aos escalões mais pobres] e introduzir a CPMF [um imposto aos levantamentos bancários]”. O candidato do PT aproveitou as declarações do candidato a vice-presidente de Bolsonaro, Hamilton Mourão, e do coordenador económico da campanha, Paulo Guedes, que entraram em contradição com as promessas do próprio candidato.

Mas também Haddad esteve na mira dos restantes candidatos durante o debate. Ciro Gomes, actualmente em terceiro nas sondagens, disse que o PT “perdeu a condição política de reunir a população brasileira para enfrentar o fascismo e a radicalização estúpida que Bolsonaro representa”.

As sondagens mais recentes apontam para um reforço da liderança de Bolsonaro, que recolhe 39% das intenções de voto, de acordo com o instituto Datafolha. Haddad vem a seguir com 25% e Ciro aparece com 11%, um patamar onde tem permanecido há semanas. Os números sugerem que Bolsonaro e Haddad vão disputar a segunda volta, marcada para 28 de Outubro.