Câmara cede terreno para pavilhão e viabiliza conclusão da cidade desportiva do Sporting de Braga

As inacabadas piscinas olímpicas, junto ao Estádio Municipal de Braga, vão mesmo ser transformadas num pavilhão, já que o Sporting de Braga vai usufruir do direito de superfície do espaço por 75 anos, mediante o pagamento de 400.000 euros à Câmara. O acordo possibilita o arranque da segunda fase da academia do clube desportivo.

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HUGO DELGADO / PUBLICO

O Sporting de Braga vai mesmo construir um pavilhão multiusos, com capacidade para 1250 espectadores, no local onde se encontra a estrutura que poderia ter dado origem às piscinas olímpicas da cidade. A Câmara Municipal concluiu a primeira fase desse projecto em 2008, após um investimento de oito milhões de euros, mas, quatro anos depois, admitiu que não dispunha dos 12 milhões necessários para terminar a obra. Depois de ter colocado o espaço à disposição do maior clube desportivo do concelho há três anos, a autarquia aprovou, na reunião quinzenal de quarta-feira, a cedência do direito de superfície para os próximos 75 anos, por uma verba de 400.000 euros, que também tem de ser votada em Assembleia Municipal.

Além da quantia que o clube presidido por António Salvador tem de despender, o contrato prevê ainda que a autarquia utilize gratuitamente o pavilhão duas vezes por ano, “em datas que não colidam com as actividades do clube”, e que o Sporting de Braga crie um circuito de manutenção de acesso público e livre, junto aos campos de futebol. Tais contrapartidas já estavam, aliás, contempladas no acordo estabelecido em 2015. A autarquia, por seu turno, vai isentar o clube do pagamento de taxas nas obras que tem de realizar.

Este entendimento coloca um ponto final no diferendo entre clube e Câmara quanto ao usufruto do futuro pavilhão e possibilita o arranque da segunda fase da academia, com conclusão prevista para 2020. Em Março deste ano, a Câmara exigiu ao clube 800 metros quadrados no piso inferior do pavilhão como contrapartida para a cedência do direito de superfície, algo que também já ficara definido há três anos. O objectivo era disponibilizar à população a prática de ginástica. O presidente do clube, António Salvador, no entanto, opôs-se ao pedido do município.

O presidente da Câmara de Braga, Ricardo Rio, esclareceu que os 400.000 euros cobrados ao Sporting de Braga vão ser utilizados para criar um espaço para a prática da ginástica, no Polidesportivo de São José, na freguesia de São Victor, e mostrou-se agradado com a resolução do impasse. Já o Sporting de Braga, num comunicado emitido na terça-feira, saudou o executivo por compreender a importância da academia para o clube e para a cidade, apesar do “impasse mantido ao longo dos últimos meses”, que atrasou as obras.

Ainda inacabada, a denominada cidade desportiva do Sporting de Braga acarreta um investimento de cerca de 20 milhões de euros pelo clube quase centenário – comemora 100 anos a 19 de Janeiro de 2021. Localizada junto ao Estádio Municipal, a infra-estrutura está implantada num terreno de 12 hectares, cedido gratuitamente pela autarquia no Verão de 2015.

Avaliada em cerca de nove milhões de euros, a primeira fase do projecto já está concluída e inclui um edifício para o futebol de formação, cinco campos relvados de futebol de 11 – três naturais e dois sintéticos -, um campo de futebol de sete e um campo de futebol de praia.

A segunda fase custa cerca de 11 milhões de euros e, além do pavilhão multiusos, inclui a edificação de um estádio de futebol com 2.800 lugares, para albergar os jogos da equipa B masculina, que disputa a Segunda Liga de futebol, e da equipa feminina, que disputa a Primeira Divisão. Nas imediações do pavilhão, vão também ser instaladas uma área administrativa, uma área residencial com 60 quartos duplos, uma área de refeitório e de descanso ou lazer e ainda um espaço de apoio às equipas profissionais, com balneários, ginásio e espaços para fisioterapia e hidroterapia, com piscina.

Confiança alienada

O executivo municipal bracarense aprovou também a venda do edifício que albergou a fábrica de sabonetes e cosméticos Confiança, com cinco votos favoráveis da maioria PSD/CDS-PP e PPM – os vereadores Lídia Dias e João Rodrigues faltaram – e quatro desfavoráveis, do PS e da CDU. A oposição reiterou que a alienação, por um valor de 3,9 milhões de euros, rompe o compromisso estabelecido com a sociedade civil para tornar o edifício num espaço cultural firmado em 2011, aquando da expropriação. Já Ricardo Rio frisou que esta decisão foi sufragada nas Eleições Autárquicas do ano passado.

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